Ativista, que dá nome ao projeto de lei do deputado Jean Wyllys sobre a regulamentação da profissão, morreu de câncer aos 62 anos
Da Redação
A criadora da grife Daspu, Gabriela Leite, morreu de câncer aos 62 anos, no Rio de Janeiro. A grife foi fundada para financiar a ONGdaVida, que atua em defesa dos direitos das prostitutas. Gabriela era ex-prostituta, começou na Boca do Lixo, em São Paulo, depois em Belo Horizonte, até se fixar no Rio de Janeiro.
[caption id="attachment_33146" align="alignright" width="350"] (Foto: Viomundo)[/caption]Era filha de uma dona de casa conservadora e de um crupiê. No final da década de 1960, cursava Sociologia na USP, trabalhava num escritório e frequentava círculos da boemia intelectual paulistana. Largou tudo e foi trabalhar com prostituição. Em 1987, participou da organização do Primeiro Encontro Nacional de Prostitutas, e desde então, passou a militar na defesa da categoria e regulamentação da profissão. Em 2010, chegou a ser candidata à deputada federal pelo PV.
Tramita na Câmara federal o projeto de lei n° 4.211/2012 do deputado federal Jean Wyllys (PSOL), conhecido como “Lei Gabriela Leite”. A proposta visa à regulamentação da prostituição, garantindo direitos trabalhistas e legalização das casas de prostituição. O projeto de lei gera polêmica, tanto entre as feministas quanto no próprio Congresso Nacional.
Para a Marcha das Mulheres, o projeto de lei é a “institucionalização do patriarcado”, já que a prostituição é a “exploração das mulheres pelos homens”. Já o deputado Jean Wyllys acredita que terá apoio dos parlamentares. “60% dos homens do Congresso usam prostitutas”, disse ele em entrevista ao IG no início do ano.
“A prostituição no Brasil não é crime. Crime é manter casa de prostituição. E como tudo que é proibido e existe cria máfias, existia uma máfia muito grande no meio dos chamados exploradores da prostituição, que não pagam direito nenhum para as prostitutas”, afirmou Gabriela Leite, entrevistada no Roda Vida, em junho de 2009. “Da forma que é hoje, as prostitutas são extremamente maltratadas. Existem lugares no Brasil, por exemplo, em que elas ficam em cárcere privado. Eu vi isso lá no Oiapoque. As prostitutas presas numa casa, e o dono da casa dizia que as trancava com cadeado para elas não fugirem. Eles fazem o que querem porque como estão proibidos, pagam um dinheirinho para a polícia, para poder funcionar, e as prostitutas não têm nada.”