Debate lota auditório no Dia Internacional da Mulher Negra

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No dia 25 de julho, mais de 180 pessoas lotaram o auditório da Câmara Municipal de São Paulo para o evento "Negras em Movimento", ato/debate em homenagem às mulheres negras. O evento foi uma celebração do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e foi promovido por um grupo de mulheres negras ativistas, com apoio de vereadores do PT e também a ex-vereadora e liderança negra, Claudete Alves. O que chamou a atenção deste evento foi a capacidade de articulação das organizadoras que o fizeram por fora das estruturas tradicionais dos movimentos sociais. Mobilizaram apoios, recursos, convidados e acabaram por realizar o maior evento de celebração do dia. Um fato importante que demonstra o crescimento do ativismo político protagonizado por novas lideranças e que está construindo cenários singulares no movimento social. Já refletimos sobre este assunto em outros momentos - o tempo mais longevo de democracia institucional na história do Brasil amplia este desejo por informações e por participação política que, na maioria das vezes, não é incorporado pelas estruturas tradicionais (estudo do economista Márcio Pocchmann demonstra que os "novos incluídos" não estão participando nem de sindicatos, nem de gremios estudantis, muito menos dos partidos políticos). Isto pode levar uma situação paradoxal: estes novos inseridos ou simplesmente se desencantam com a Política (com "p" maiúsculo) ou buscam formas distintas de atuação - e o ativismo pode ser um canal importante para isto. No debate, foram discutidos temas como imagem da mulher negra nos meios de comunicação, brilhantemente exposto pela jornalista e mestranda Tatiana Oliveira, ativista do Coletivo Quilombação; direito à saúde, defendido pela enfermeira e terapeuta Eloá Pimenta; o genocídio da juventude negra, discutido por Ivete Souza; e a apartação infantil das crianças negras na pré-escola pela professora Yvone Souza e a solidão da mulher negra, por Claudete Alves. As falas foram entremeadas por intervenções culturais feitas por grupos de rap Tiely Queen e Facção X e a líder do Ilu Obá de Min, Nega Duda. No final, foram sorteados livros e CDs e oferecido um coquetel. Mas o que mais chamou a atenção do evento foi a presença de um número grande de pessoas, mulheres e homens, que não são os mesmos que participam dos eventos tradicionais do movimento negro, como as passeatas de 13 de Maio e 20 de Novembro. O mesmo já tinha observado nas várias palestras que fiz no SESC sobre este tema e outros eventos para os quais sou convidado em universidades, escolas, centros culturais, entre outros. Enfim, há um número crescente de pessoas  que querem discutir este tema o que é bastante positivo.