Economista mostra que tchaqui-tchá sobre inflação de Gil do BBB está errado

Segundo Juliane Furno, doutora em desenvolvimento econômico da Unicamp, a inflação no Brasil está mais associada ao aumento do custo de produção do que ao aumento da base monetária

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“BBB também é economia”, dirão aqueles que viram o vídeo em que dois participantes do programa, Gilberto e Juliette, conversam sobre a inflação no Brasil, e o pernambucano, que está fazendo mestrado em economia, afirma que a emissão de moedas gera inflação.

Porém, seus argumentos foram rebatidos em um fio publicado pela também economista Juliane Furno, doutora em Desenvolvimento Econômico da Unicamp.

“Queria discordar aqui do Gilberto do BBB (não é nenhuma consideração pessoal, apenas teórica) e aproveitar para debater alguns pontos”, começou Furno.

“Inflação significa um aumento contínuo e generalizado dos preços e pode ocorrer por, basicamente, duas formas. Ou há um excesso de demanda maior que a oferta e os preços sobem, ou há um aumento no custo de produção das mercadorias que fazem subir os preços. A inflação brasileira normalmente está associada ao segundo. Hoje a inflação dos alimentos está muito relacionada ao câmbio, ou seja, ao aumento do custo. Por exemplo, o trigo é importado. Com o dólar caro esse custo adicional para produzir pão é repassado para o preço final”, explicou a doutora.

“Ou seja, no caso atual, a inflação não tem relação com o aumento da base monetária, ou a emissão de moeda. Dessa forma, não é uma relação automática que imprimir moeda, ou reduzir o desemprego tenha como custo a inflação. Por isso é importante ler cada momento da conjuntura, já que os manuais de economia são incapazes de apreender condições concretas. O Brasil elevou enormemente a emissão de moeda (títulos) na pandemia e a inflação está ainda no centro da meta”, continuou Furno.

Para concluir, a economista falou sobre quando a emissão de moedas gera inflação. “Apenas em situação em que não existe capacidade ociosa, ou seja, máquinas e trabalhadores desocupados. Hoje, no Brasil, com grande capacidade ociosa e 14 milhões de desempregados, não é, de longe, o nosso caso”.

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