Ex-editor do Jornal da Globo, Tonico Duarte criticou o diretor de jornalismo da Rede Globo Ali Kamel após mais uma onda de cortes na emissora. O texto foi publicado na última quarta-feira (1º), mesmo dia em que os jornalistas Renato Machado e Francisco José foram demitidos.
"O lead está no pé, as melodramáticas cartas de despedida do Ali Kamel. Como ele não sabe escrever, elas soam como os bolerões cafonas de Carlos Alberto ou Lindomar Castilho. Poderia resumir a coisa pra: 'Tio, está com muito cabelo branco, chegou a hora de comprar um sítio e criar galinhas'", ironizou Tonico.
"Trabalhei com Gaspar, Zé Hamilton, Chico José, Isabela e Renatão entre outros. São todos puros-sangues da profissão. Quem os rifa, um pangaré", continuou o ex-editor.
Recém-demitida pela emissora após 41 anos de trabalho, a jornalista Isabela Assumpção fez questão de comentar a postagem e endossar as críticas a Ali Kamel.
"Não recebi nenhuma carta do Ali. Nem poderia! Afinal, nesses anos todos, todas as vezes que nos encontramos, em SP ou no Rio, ele sequer me deu um oi. Seguiu em frente, com o olhar perdido no deserto, sem me olhar. Acho que esperava que eu me prostrasse aos pés dele, dizendo Alá seja louvado! Mas eu não fiz não! Então, sem olá nem adeus! Melhor assim, mais verdadeiro, de ambas as partes", escreveu.
Tonico respondeu à ex-colega afirmando que "também não recebeu nenhuma carta" e que o ex-chefe era especialista em "enfiar a cara no telefone". "Também não recebi nenhuma carta. Ainda bem porque escrever não é o forte do amigo. Um especialista em, ao cruzar com você, enfiar a cara no telefone pra fingir que estava decidindo como a TV Globo ia cobrir a Terceira Guerra Mundial", disparou.
Onda de demissões
Nos últimos tempos, a Globo tem feito uma série de demissões, principalmente de profissionais mais antigos, ou seja, com salários mais altos. No fim de novembro, dois veteranos da empresa foram desligados: Eduardo Faustino, conhecido como “repórter secreto” do “Fantástico“, e José Hamilton Ribeiro.
Segundo colunistas, a emissora tem enfrentado os piores índices de ibope e o menor lucro líquido. No primeiro semestre de 2021, fechou com um prejuízo de R$ 144 milhões. O número representa uma piora de 122% em relação a 2020, quando a empresa teve um prejuízo de R$ 51 milhões no mesmo período.