Estação Onze: nova série da HBO retrata mundo devastado pelo vírus da gripe

Produção é adaptação do livro Emily St. John Mandel que, publicado originalmente em 2014, choca pela semelhança com o desenrolar dos fatos da pandemia do coronavírus em curso

Série aborda o desenrolar de uma pandemia causada por uma mutação do vírus da gripe/Foto: divulgação HBO
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Não houve tempo para reação ou criação de vacinas: o vírus da gripe sofreu uma mutação e a sua nova variante matou as pessoas em poucos dias. Essa é a premissa da nova série da HBO, "Estação Onze", que estreou no último dia 16 de dezembro.

A nova produção da HBO é uma adaptação do livro de Emily St. John Mandel, que leva o mesmo nome da série e foi publicado originalmente em 2014, o que torna a obra, digamos, assustadora por conta da verossimilhança com a pandemia em curso.

Intercalando passado e presente, o ponto de partida da história é a morte do ator Arthur Leander (Gael Garcia Bernal), que tem um mal súbito no palco enquanto interpreta o Rei Lear, de Shakespeare.

Na plateia está Jeevan (Himesh Patel), um jornalista da área de cultura que corre para o palco para tentar salvar o ator que está passando mal. Momentos depois, ele se virá diante de uma situação inusitada: tem que conduzir Kirsten (Matilda Lawler), atriz mirim da cia, para casa, porém, no meio do caminho, a sua irmã, que é médica, lhe telefona e avisa: vai pra casa e não mantenha contato com ninguém. Há um novo vírus no ar e ele está matando as pessoas.

Em 80 dias o mundo do lado de fora já não existe mais, boa parte da humanidade foi morta pelo novo vírus da gripe e quem sobreviveu, vai ter de recomeçar tudo novamente. Esses são os primeiros 15 minutos do episódio 1 de "Estação Onze".

Estação Onze: o novo normal é reconstruir o mundo

Com três episódios no ar - a atualização da série é semanal -, "Estação Onze", diferente de outras tramas sobre vírus mortais, não é sobre a busca pela vacina, disputa tribais, ou sobre governos e indústrias farmacêuticas que querem lucrar com o vírus e sua cura. Aqui, a história é sobre reconstruir o mundo.

Mas, além da missão de recomeçar tudo novamente, "Estação Onze" também mergulha na dor daqueles que sobreviveram ao vírus, mas que não puderam dizer "adeus" para quem amava. A rapidez com que o vírus corroeu tudo em sua volta, não permitiu despedidas. Dessa maneira, muitos dos personagens vivem acompanhados de fantasmas de uma vida que não existe mais.

Ainda não dá para saber qual será o desenrolar da história de "Estação Onze", mas, com a sua opção de entrelaçar passado e presente, e de tratar do "novo normal" como sendo a reconstrução de tudo, o timing da HBO não poderia ter sido melhor.

Com a nova onda do coronavírus causada pela variante ômicron, a pandemia tem mostrado que ela só se manterá sob controle se houver um trabalho coletivo, se alguns grupos renunciarem a certos privilégios e costumes que praticavam na vida pré-pandemia.

O paralelo possível entre "Estação Onze" e a pandemia que o mundo enfrenta atualmente é essa: é preciso construir um novo alfabeto para um novo tempo, caso contrário, viveremos o resto de nossas vidas entre fechamentos e aberturas, novas vacinas…, mas por quanto tempo as vacinas darão contas das novas variantes?

Ou seja, o novo normal é a reconstrução de tudo o que nos cerca. Até aqui, governos e indústria têm insistido na "retomada" e é aqui que vida e ficção se encontram: não há mais espaço para retomada, mas sim para a fabricação de novos modos de vida, pois, o que existia está contaminado e não tem mais cura.

https://www.youtube.com/watch?v=l-Xxno3rdQM&t=38s