Alice Braga, protagonista de "Eduardo e Mônica", dispara: "Brasil é melhor que o Bolsonaro"

Em entrevista ao "O Globo", atriz critica o presidente e afirma que cinema "está sendo atacado e quase inexistente" no país: "Precisamos apontar o dedo sobre o que está acontecendo"

Gabriel Leone e Alice Braga no filme "Eduardo e Mônica" (Foto: Janine Moraes/Divulgação)
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Na noite desta quinta-feira (16), aconteceu a pré-estreia do filme "Eduardo e Mônica", no Petra Belas Artes, em São Paulo. Alice Braga, que vive a protagonista Mônica, fez uma rara aparição com a namorada Bianca Comparato, com quem vive um relacionamento há cerca de quatro anos.

Em entrevista ao "O Globo", a atriz critica o presidente Jair Bolsonaro (PL) e cita uma passagem de "Eduardo e Mônica", que retrata a ditadura militar, para exemplificar o quanto a força do cinema pode "inspirar debates num momento em que ele está sendo atacado e quase inexistente no Brasil".

No longa, Mônica é filha de um ex-exilado, enquanto o avô de Eduardo (protagonizado por Gabriel Leone), é um militar que odeia comunistas. "Trazer a discussão da ditadura militar, lembrando coisas terríveis que afetaram gerações, é construção de memória, outra contribuição do cinema", afirma Braga.

A atriz, que vive entre São Paulo e Los Angeles há 15 anos, é uma grande entusiasta da cultura brasileira e latina. No entanto, nos últimos tempos, ela relata que tem visto a imagem do Brasil mudar para os estrangeiros.

"Antes, quando dizia que era brasileira, falavam: 'Meu sonho é conhecer a Amazônia' ou 'amo Cidade de Deus'. Agora, é: 'Jura? Como você está em relação a isso?'. O mundo admira nossa cultura, nossa natureza, e está preocupado. Na pandemia, quem trabalhava comigo, pedia 'pelo amor de Deus, não vá ao Brasil' ao ver o presidente andar sem máscara e dar a mão às pessoas", conta.

Ao "O Globo", a artista afirma que sua resposta continua a mesma: "O Brasil é melhor que o Bolsonaro". Braga, que produz um documentário sobre a Amazônia com o diretor Luiz Bolognesi, diz ainda que precisamos "apontar o dedo sobre o que está acontecendo".

"É emergência ambiental, climática e de direitos humanos. A gente tem que cuidar, preservar, proteger os povos originários, falar também da seca do Nordeste, da desigualdade social, do racismo. De onde estiver, vou lutar sempre pelo Brasil", alerta.

"Eduardo e Mônica" estreia nos cinemas no dia 6 de janeiro. O longa tem direção de René Sampaio e produção de Bianca De Felippes, a mesma dupla de “Faroeste Caboclo” (2013).