Quem é vascaíno certamente já sabe, e quem acompanha os jogos do clube, seja um simpatizante ou rival secador, já notou uma faixa que nos últimos anos tem marcado presença constante nas arquibancadas vascaínas: Vasconha, a torcida que apoia o Vasco da Gama e luta pela legalização da maconha.
O canal Peleja, que faz uma série de reportagens sobre torcidas e jogos de futebol para o Youtube, produziu um vídeo em que conta um pouco da história da torcida. Na narração inicial, a jornalista aponta que torcedores fumarem maconha nunca foi uma novidade, mas que nesse caso, houve uma aceitação sem precedentes por parte da comunidade mais ampla de vascaínos, de uma 'torcida organizada' (entre aspas porque não é exatamente disso que se trata) que mistura a erva com o clube.
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A razão dessa aceitação parece clara para os torcedores. “Para aturar o Vasco atualmente, só fumando uma bomba”, declarou um vascaíno para o canal. “Deixa a gente mais calmo, com certeza”, afirmou o bem humorado Eduardo Xilitol, outro torcedor, fazendo referência à péssima fase que o Vasco vive a cerca de uma década.
O grupo ganhou maior notoriedade no segundo semestre do ano passado quando, durante o segundo turno do Brasileirão da Série B, entoou em milhares de vozes: "Vasconha! Sem maconha o Vasco não ganha". E o Vasco ganhava.
Varanda da Vasconha
A Vasconha foi fundada no final dos anos 90, por torcedores que amam o Vasco e também amam fumar maconha. Xilitol conta que no início não era uma torcida organizada, com faixas, bandeiras, músicas e nem mesmo um nome. Ele explica que conforme os anos iam passando e o grupo se encontrava no Maracanã ou em São Januário – “porque o Vasco tem estádio”, como se orgulham os vascaínos – o nome foi sendo cunhado naturalmente por eles mesmos e pelo entorno, até ser adotado oficialmente.
“A ideia era um grupo de amigos que se encontrava para ver jogos do Vasco”, conta Xilitol. E os amigos se encontravam em um local específico de São Januário, chamado de “varanda”, onde era possível fumar maconha sem incomodar os demais torcedores e atrair a atenção da polícia.
Em dado momento, a diretoria do Vasco decidiu fechar o espaço. A razão seria o fato de que havia torcedores que urinavam do alto do estádio para o seu lado de fora, e isso acontecia em todo São Januário. Mas ali, justamente na ‘varanda da Vasconha’, era onde, logo abaixo, ficavam estacionados os carros dos jogadores. Em 2011 o espaço foi demolido e a Vasconha que começava a se organizar para defendê-lo, mudou de pauta e passou a defender a legalização da maconha, praticando-a durante os jogos do Vasco.
Fumar no estádio
Para entrar com a erva nas arquibancadas não tem muito segredo. É só não deixar à vista. “Sinceramente, hoje em dia a polícia se preocupa muito menos com a maconha e muito mais com a violência. Então ele não vai te olhar inteiro pra ver se você tem maconha. É tranquilo para entrar. Mas isso não quer dizer que você não vá sofrer repressão se te pegarem fumando”, explica um dos membros da Vasconha.
Apesar do nome, o grupo não é uma torcida organizada e nem restringe a participação de não fumantes. A Vasconha hoje é uma empresa, com CNPJ, recolhe impostos e exige dos organizadores uma postura que vai além de torcer para o clube fumando um baseado.
Uma torcedora vai além em seu depoimento e afirma que a Vasconha é um movimento político que busca a legalização da maconha, não apenas durante os jogos do Vasco, e que essa pauta une a todos do grupo.
Mujica
A torcida adotou o ex-presidente uruguaio Pepe Mujica como seu mascote e chegou a levar um bandeirão pintado com o rosto dele para Montevidéu durante uma Cannabis Cup.
Os torcedores lamentam não ter conseguido mostrá-la ao político e prometem que ainda cumpriram essa tarefa.
Casimiro
Outra figura importante para a Vasconha é o streamer Casimiro, da Cazé TV. Vascaíno desde criancinha e uma das figuras de maior visibilidade na internet brasileira, ele apareceu em uma live trajando o famoso boné da torcida.
Após esse dia, se a Vasconha já era conhecida entre os torcedores do Vasco, passou a ser famosa em todo o Brasil. Torcedores apontaram, em outubro de 2022 após o episódio com Casimiro trazer o pico de popularidade, que estavam com dificuldades para atender a todos os pedidos para compra dos bonés na internet.
Assista ao vídeo do canal Peleja a seguir