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Os grandes bancos brasileiros caminham para mais um trimestre de crescimento expressivo na última linha do balanço, a despeito do agravamento da crise econômica e dos baixos níveis de confiança dos investidores. Juntos, os quatro maiores bancos listados em bolsa – Bradesco, Itaú Unibanco, Banco do Brasil e Santander – deverão registrar lucro líquido de R$ 14,6 bilhões, 13,7% acima do resultado do segundo trimestre do ano passado, como mostra a média das projeções de sete casas ouvidas pelo Valor.
O resultado será sustentado, principalmente, pelo avanço da taxa básica de juros (Selic), que levou a um aumento generalizado dos spreads cobrados nas operações de crédito. O avanço da Selic também deve ajudar os ganhos com tesouraria. Além disso, analistas projetam um crescimento de provisão para devedores duvidosos um tanto menor que o mostrado no primeiro trimestre, mas ainda em um ritmo elevado.
Se o trimestre promete lucros fortes, há quem aposte que a bonança tem data para acabar. Na visão do Goldman Sachs, as margens dos grandes bancos devem seguir “sólidas” até que a taxa básica de juros permaneça em níveis elevados, o que deve se prolongar até o fim deste ano. Com a queda na Selic e o crescimento fraco do crédito, porém, o lucro dos bancos não deve crescer em 2016, projeta o Goldman em relatório.
A piora da inadimplência já no segundo trimestre também está no radar de analistas e de investidores de uma maneira geral, concentrada por enquanto nas grandes empresas. A cautela em conceder crédito para empresas e pessoas físicas neste cenário também será vista nos números de abril a junho e analistas não descartam que os bancos revejam algumas das previsões para o ano.
No caso do Santander, por exemplo, analistas esperam uma redução da carteira de crédito em relação ao primeiro trimestre, especialmente por conta do recuo do crescimento dos empréstimos a empresas. A margem do banco também não deve mostrar tanto vigor, considerando que a instituição começou após os seus pares privados o processo de migração para carteiras de menor risco – com retornos menores.
Mesmo assim, com o crescimento da receita de tarifas e reversão de provisões, o banco deve mostrar um lucro líquido recorrente de R$ 1,372 bilhão, com expansão de 18,6%. “O banco deve ter um ganho extraordinário de R$ 4,8 bilhões (após impostos) relacionado a um julgamento positivo de uma disputa relacionada ao Cofins”, destaca relatório do Bank of America. Deste total, no entanto, R$ 1,6 bilhão deve ser direcionado para o reforço de provisões de crédito.
Já no Itaú, a expectativa dos analistas é que, embora as provisões para risco de crédito ainda sejam importantes, o montante feito no segundo trimestre seja menor. O banco deve reportar um lucro líquido 17% maior na comparação anual, de R$ 5,818 bilhões. A instituição também deve conseguir compensar os gastos com provisões com a melhora nas receitas de tarifas – que devem crescer a uma taxa de dois dígitos -, além de manter um crescimento das despesas operacionais em linha com a inflação.
“Continuamos confiantes de que o Itaú será capaz de entregar um ROE [retorno sobre patrimonio] acima de 20%, sustentado pela melhoria na margem de intermediação financeira líquida e o aumento nas taxas de prestação de serviços”, avaliam os analistas do Santander. No primeiro trimestre, o ROE do banco foi de 24,2%.
“A nossa expectativa é de uma temporada de balanços dos bancos privados muito parecida com o que vimos nos três primeiros meses do ano”, diz o analista do BB Investimentos, Carlos Daltozo, que prevê um ROE acima de 24% para o Itaú no trimestre.
No mesmo caminho, o Bradesco deve reportar margens e retornos maiores. “A expansão dos spreads e de uma taxa Selic maior deve mais do que compensar a migração para linhas de crédito mais seguras [em que o spread do banco é menor]“, avaliam os analistas do Itaú BBA. O lucro líquido do Bradesco no trimestre deve aumentar 16,4% na comparação anual e somar R$ 4,427 bilhões e sua taxa de retorno deve ser semelhante à do primeiro trimestre, de 22,3%. Analistas também esperam que a unidade de seguros, tradicionalmente um terço do lucro da instituição, ganhe espaço no resultado.
Quando o assunto é ROE, no entanto, os analistas não esperam um cenário de melhora para o Banco do Brasil (BB). O lucro do banco, segundo analistas, deve ficar praticamente estável em relação ao mesmo período do ano passado e atingir R$ 3 bilhões no segundo trimestre. “Esperamos que o crescimento do crédito continue a desacelerar a um ritmo ligeiramente acima dos pares privados”, dizem analistas do Santander.
A temporada de divulgação de balanços começa quinta-feira, quando Bradesco e Santander divulgam seus resultados, antes da abertura do mercado. O Itaú reporta seus números no dia 4 de agosto, e o BB, 13 de agosto.