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Por Igor Felippe, no Escrevinhador
Os grandes grupos de comunicação têm atuado no país como ferozes cães de guarda contra qualquer medida que represente algo que considerem ameaça à liberdade de expressão.
Movimentos do governo, do Congresso ou do Poder Judiciário são monitorados pelas associações que reúnem donos de TVs, rádios e jornais. Qualquer sinal de fumaça sobre alguma proposta que possa ferir a liberdade desses grupos é denunciado e abortado antes que ganhe maiores contornos. Certamente prisões de jornalistas, em qualquer circunstância, representam no mínimo um sinal amarelo na defesa da liberdade de expressão. Aí que a hipocrisia dos grandes grupos de comunicação se torna evidente.
Marco Aurélio Carone, jornalista e diretor do jornal virtual Novo Jornal, foi preso nesta segunda-feira, em Minas Gerais. Carone é conhecido em Minas como um jornalista crítico aos governos do PSDB e ao candidato à presidência pelo partido, Aécio Neves.
Ele vinha fazendo investigações e denúncias sobre esquemas de corrupção envolvendo os tucanos no quintal de Aécio Neves. Assim, há acusações de que a prisão seria fruto de perseguição política. Só que, nesse caso, redes de TV, rádio, jornais e portais na internet silenciam diante do episódio. Os ferozes cães de guarda - que alegam que a campanha pela democratização da comunicação é um perigo à liberdade de expressão - estão mansinhos diante do encarceramento de um jornalista.
Abaixo, leia nota do portal Minas Sem Censura sobre o caso.
PRISÃO DE JORNALISTA EM MG: A FACE CRUEL DO ESTADO DE EXCEÇÃO
Do Minas Sem Censura
A prisão do jornalista Marco Aurélio Carone, diretor proprietário do NOVO JORNAL, ocorrida hoje revela a face mais cruel do “Estado de Exceção” implantado em Minas Gerais desde 2003.
A prisão realizada estaria “amparada no requisito da conveniência da instrução criminal, já que em liberdade poderá forjar provas, ameaçar e intimidar testemunhas, além de continuar a utilizar o seu jornal virtual para lançar informações inverídicas”, segundo trecho do despacho da juíza Maria Isabel Fleck.
Ora, afirma-se que um dos motivos da prisão seria evitar que ele utilizasse de seu jornal virtual para veicular supostas informações inverídicas. Se isso não for censura prévia, o que mais será? E o que é pior: a arma para se efetivar essa ação preventiva seria a prisão do acusado? Logo, todo e qualquer profissional de imprensa que ousar veicular informações previamente consideradas inverídicas pela Justiça ou pelo Ministério Público estão sob ameaça concreta em Minas Gerais.
Não há trânsito em julgado de qualquer ação incriminando o diretor proprietário do referido jornal virtual ou mesmo daquele que seria seu suposto aliado nas ditas “acusações inverídicas”: Nilton Monteiro, conhecido por divulgar a Lista de Furnas, que – por sua vez – já foi considerada autêntica pela PF e, inclusive, já instruiu processos sobre o rumoroso caso envolvendo lideranças do alto tucanato.
O bloco parlamentar Minas Sem Censura registra aqui duas preocupações essenciais: uma é a prática de cerceamento da liberdade de imprensa, agora – de forma inédita – corroborada pelo MP e pelo Judiciário; outra é o claro foco político envolvendo personagens que criticam, denunciam e envolvem agentes políticos diversos.
O Minas Sem Censura apresentará requerimento à Comissão de Direitos Humanos da ALMG para a discussão e apuração, nesta Casa Legislativa, do grave fato que representa essa prisão. Serão convocados os representantes do MP, da autoridade policial que efetivou as prisões, do Novo Jornal e Sindicato dos Jornalistas.
Belo Horizonte, 20/01/2014
Sávio Souza Cruz
Rogério Correia