Suíços aprovam restrição a super salários

Do Operamundi: Por 67,9% dos votos, os suíços aprovaram neste domingo (03/03) em referendo, a iniciativa popular para limitar os salários astronômicos e abusivos dos altos executivos.

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Em referendo, Suíça aprova restrição a salários abusivos de executivos Do Operamundi Por 67,9% dos votos, os suíços aprovaram neste domingo (03/03) em referendo, a iniciativa popular para limitar os salários astronômicos e abusivos dos altos executivos. Segundo a Chancelaria federal, 46% dos eleitores foram às urnas para participar da votação. Cabe agora ao parlamento federal transformar esse projeto em lei. De acordo com o projeto, trata-se de um dos sistemas mais severos do mundo para controlar remunerações dos dirigentes de empresas. As medidas preveem que os acionistas tenham direito de vetar o valor dos salários e proibirem os bônus de entrada e saída das companhias cotadas em bolsa. Essa iniciativa popular federal foi lançada em 2008 pelo senador e empresário Thomas Minder. No mesmo ano, o banco UBS quase faliu devido, segundo boa parte da opinião pública, aos investimentos arriscados que geravam bônus generosos para os banqueiros. Com isso, a ideia de um sistema de controle fez sucesso junto à população e conseguiu facilmente as 100 mil assinaturas necessárias para a organização de um referendo. "O povo suíço decidiu enviar um sinal forte aos conselhos de administração, ao Conselho federal e ao parlamento", comemorou Minder em entrevista à televisão estatal logo após o anúncio das primeiras projeções. Ele explica que sua iniciativa visa menos colocar um limite aos salários dos grandes executivos que lutar contra a lógica de curto prazo que guia a ação deles. Minder, que dirige uma pequena empresa familiar especializada em produtos capilares e bucais, os excessos se explicam pela falta de ação dos conselhos administrativos, que são "incapazes de controlar os salários da direção", como declarou em entrevista ao jornal Le Temps. O empresário lançou a proposta há sete anos. Para ser apresentado aos eleitores, o texto precisou passar por forte pressão do Parlamento, que se opunha à ideia, e teve de adotar uma contra-proposta menos ambiciosa de última hora. A indignação dos suíços contra os salários exorbitantes foi alimentada no mês passado, depois que o presidente da Novartis, Daniel Vasella, foi obrigado a abrir mão de uma indenização de saída que chegava a quase 60 milhões de euros. Campanha O lobby Economiesuisse fez campanha contra a iniciativa de Minder, argumentando que ela prejudicaria a competitividade do país. Ele apoiou outra proposta, que forçaria todas as empresas cotadas em bolsa a organizar uma votação entre os acionários sobre os salários dos dirigentes, mas sem que o resultado devesse ser obrigatoriamente aplicado. Os partidários do texto defendido por Minder responderam ao temor dos executivos enfatizando que a Suíça continuará atraindo os grandes grupos internacionais com seu baixo nível de impostos, sua estabilidade política e suas regras favoráveis às empresas. Efetivamente, nada indica que com o novo direito de veto os acionários vão censurar os planos de remuneração de seus dirigentes. Entre 2009 e 2012, a oposição dos acionários às propostas de remuneração dos dirigentes das cem maiores empresas cotadas em bolsa dobrou, mas continua bastante baixa, em torno de 14%. Diante da indignação suscitada pelos salários de certos executivos depois da crise financeira de 2008, alguns países, como os Estados Unidos e a Alemanha, também adotaram sistemas que reforçam o poder dos acionistas nesse campo, algo que ainda não existe na França. A iniciativa popular é um direito da população suíça para modificar uma lei. Caso consiga reunir 100 mil assinaturas em nível federal num prazo de 18 meses, um tema pode ser submetido à votação.