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por Renato Rovai no site da Revista Fórum
Pesquisas eleitorais há mais de um ano da disputa costumam ser boas para orientar coligações e ajudar os captadores de recursos a irem atrás de apoio econômico. Em sendo assim, o Datafolha de ontem [12/10] foi bom para todo mundo. Dilma venceria no primeiro turno se a eleição fosse hoje. Resultado alvissareiro visto a partir do que aconteceu no país em junho e julho. E do que ainda está acontecendo, por exemplo, no Rio de Janeiro. Aécio chegou aos vinte pontos, mais precisamente em 21%. O que é um número excepcional para quem nunca foi candidato a presidente da República. E Eduardo Campos bateu em 15%. Resultado ainda mais surpreendente, posto que o socialista governa um estado menor do ponto de vista federativo. Até Marina saiu-se bem. Os movimentos que fez certamente contribuíram para que a candidatura de Eduardo Campos empinasse e ao mesmo tempo quando seu nome é apresentado ela chega em 29 pontos.
O que esses números que são bons para todos querem dizer? De alguma maneira que a eleição presidencial de 2014 está completamente aberta e que todos os candidatos têm chances reais de vitória. Para quem isso é melhor? Para Eduardo Campos, que até a movimentação de Marina era o azarão dos azarões. Para quem isso é pior? Para Dilma, que por estar governando terá dois candidatos fortes na disputa e pode ter de enfrentar um segundo turno com ambos no mesmo palanque contra ela.
A presidenta tem ainda mais um ano pela frente para governar e resgatar parte da popularidade perdida nas jornadas de junho. A recuperação, no entanto, parece ter perdido o fôlego inicial, levando-se em conta o mesmo Datafolha A aprovação de Dilma aumentou em apenas 2% desde a última pesquisa. Isso pode sinalizar que já houve uma reacomodação das avaliações do eleitor acerca do seu governo. E que muitos que se mexeram para o ruim, péssimo e regular não estão dispostos a lhe conceder um bom ou ótimo se o governo não produzir resultados mais significativos dos que os atuais.
É esse o dado mais importante do Datafolha. O cenário atual parece ser a fotografia mais clara da disputa que virá. E para enfrentar Eduardo Campos e Aécio, tudo o que a presidenta não deve fazer é tratá-los como anões, como sugeriu que sejam em recente entrevista o marqueteiro João Santana. Aécio e Eduardo tem estofo político e capacidade de consolidar um discurso que traga dificuldade para o governo ampliar sua aprovação e garantir mais do que 50% dos votos para Dilma no primeiro e até mesmo no segundo turno.
Ainda é muito cedo para previsões. Mas o fato é que Aécio e Eduardo consolidaram suas candidaturas. E Dilma tem o favoritismo. Mas não pode cair na tentação de achar que governando de maneira conservadora, sem ações polêmicas, mas necessárias, como a do Mais Médicos, que mostrou a força do governo quando quer fazer algo,vai ganhar por W.O.
Não existe mais o tal W.O nesta eleição. Aécio e Eduardo Campos são candidatos fortes. E hábeis. E ainda têm Marina para cutucar a presidenta.