Marina Silva foi bem no debate da Record

Marina cumpriu com precisão o papel de distribuir caneladas sutis no Serra e na Dilma; o ar angelical ajuda, porque ela bate sem parecer agressiva. Vendeu-se como terceira via, no limite de suas possibilidades. Mas um detalhe: pelo discurso, ela parece avançar mais no eleitorado serrista do que no de Dilma. A conferir...

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Acompanhei o debate da Record, enquanto tuitava e acabava de guardar a louça do prolongado almoço de domingo. A seguir, uma rápida avaliação: - Plinio (que tinha ido tão bem no debate de estréia na Band) escorregou, fez afirmações desconexas, atrapalhou-se nas réplicas, perdeu-se completamente em afirmações desnecesárias, como quando disse que ia "rotular" Marina; pareceu professoral e arrogante;  - Serra, que precisa dar uma arrancada, jogou pra empatar; levou estocadas da Marina, de Dilma, e das jornalistas (sem conseguir boas respostas), e ainda foi mal ao incluir num debate de domingo à noite expressões como "vôo de galinha" (jargão de economista), ou "numa nice" (que é da época em que meu avô chamava vocalista de "crooner"; - Dilma pareceu-me travada demais pra quem está tão tranquila nas pesquisas; é o jeito dela mesmo, suponho; e é a responsabilidade de quem não pode errar; jogou pra empatar, o que no caso dela (ao contrário de Serra), resolve; - Marina, apesar do xale colorido e esquisito (que ela abandonou no meio ao debate, porque algum assessor deve ter percebido que tava feio demais) e da falta de energia, com uma vozinha que às vezes mal se ouve, saiu-se bem; cumpriu com precisão o papel de distribuir caneladas sutis no Serra e na Dilma; o ar angelical ajuda, porque ela bate sem parecer agressiva. Suponho que Marina vai avançar um pouquinho mais no eleitorado de Dilma até o dia 3 (pode ser a repositária do povo apavorado com terrorismo religioso e com o denuncismo contra Dilma). E pode avançar bem mais no eleitorado de clase média que hoje vota em Serra. O discurso de Marina parece atingir mais essa turma anti-petista do que o povão lulista. Resta saber como ficará a equação Serra + Marina. Se Marina - nessa tal "onda verde" (que por enquanto é só marolinha de classe média) -  roubar mais votos de Serra do que de Dilma, pode chegar a 15% dos votos, deixando Serra ali pelos 25% mesmo. Ou seja: Serra+ Marina+ Outros=40% ou 41%. Dilma - com no mínimo 45% (esse é o piso da petista, pelos dados das espontâneas) - ainda levaria no primeiro turno. A hipótese (pouco provável) de haver segundo turno ganha algum relevo se Dilma escorregar no debate da Globo e/ou se o "JN" aprontar nos 3 dias em que não haverá mais horário gratuito pra responder: aí Dilma poderia sangrar um pouco mais, espalhando seus votos para Serra e Marina. O tucano teria que chegar a 30% e Marina a 15% para haver alguma chance de segundo turno. Pelo que vi hoje, e pelo fato de Marina sustentar seu crescimento num discurso que rouba votos dos serristas, parece-me muito difícil que haja segundo turno. Ainda assim, como sempre, prefiro ser cauteloso - evitand afirmações definitivas.