DIÁRIO DA CHINA

Uma noite para celebrar a lua

Como foi participar do Festival do Meio do Outono, uma tradição chinesa quando, entre outro costumes, comemos bolo de lua

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Jornalista que atua em Brasília desde 1995, tem experiência em redação, em comunicação corporativa e comunicação pública, em assessoria de imprensa, em produção de conteúdo, campanha política e em coordenação de equipes. Atuou, entre outros locais, no Governo Federal, na Presidência da República e no Ministério da Justiça; no Governo do Distrito Federal, na Secretaria de Comunicação e na Secretaria de Segurança Pública; e no Congresso Nacional, na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados e na Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO).
Uma noite para celebrar a lua
CBD - Festival da Lua (6/9/22)

Nesta terça-feira (6) tive uma agenda intensa, com visita a empresas e participação em um festival tradicional. Pela primeira vez desde que cheguei à China, tive o privilégio de ter uma tradutora chinesa que fala português, o que faz toda a diferença. Nada supera falar na nossa própria língua. 

A tradutora do chinês para o português trabalha no meu destino matutino, a State Grid, uma estatal de energia chinesa. A empresa gigante - como quase tudo aqui na China - tem forte presença do Brasil e é responsável, entre outros projetos, pelas linhas de transmissão de ultra alta voltagem da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Vou escrever uma matéria especial sobre o tema. 

Depois do almoço oferecido pela State Grid para o grupo de jornalistas latinos e caribenhos, pegamos a estrada rumo ao prédio mais alto de Beijing, a Citic Tower. O edifício com 109 andares tem 528 metros de altura e uma silhueta imponente, marcada por uma fachada espelhada e curva.

A Huawei, que nos recepcionou, tem um espaço no local, que é o 8º prédio mais alto do mundo e fica localizado no bairro onde moro, centro financeiro da capital chinesa, o Chaoyang. A forma do arranha-céu é inspirada na forma de um zun - um tipo de vaso chinês feito de bronze ou cerâmica que marcou o país na idade do bronze. 

O próximo destino do grupo foi o Festival do Meio Outono, também chamado de Festival da Lua. A festa foi realizada em um prédio antigo e pudemos participar de uma experiência interativa com a cultura da Medicina Tradicional Chinesa. Eu, por exemplo, fiz meu próprio sachê de ervas que é usado para afugentar mosquitos e tem um aroma delicioso.

Também experimentei a caligrafia chinesa e escrevi o caractere Fu, que significa felicidade. Lá havia mostra de fabricação de macarrão, artesanato de corte de papel, estampagem de abóbora e biscuit. Houve ainda um coquetel com acepipes tradicionais, entre eles o bolo de lua, feito de nozes e apresentações culturais. 

O Festival da Lua é celebrado na China no 15º dia do 8º mês do calendário lunar. O início dessas celebrações data da Dinastia Tang (618 a 907 aC). Os antigos chineses observavam que o movimento da lua tinha uma estreita relação com as mudanças das estações do ano e da produção agrícola. Assim, para expressar os agradecimentos à lua e celebrar a colheita, eles faziam uma oferenda para a lua em dias de outono, período no qual ela se encontra mais brilhante e redonda.

Reza a lenda que o Festival de Meio Outono está relacionado à senhora da Lua, Chang’e. Houve um momento em que 10 sóis surgiram no céu, escaldou a Terra e privou o povo de água e vida. Um herói chamado Hou Yi subiu ao topo da Montanha Kunlun, localizada no Tibete, e abateu nove dos 10 sóis com arco e flechas e poupou a vida do povo. 

Um dia, Hou Yi encontrou a Senhora Rainha Mãe e recebeu dela o elixir da imortalidade. O elixir, quando tomado, permitiria que alguém se tornasse imortal e vivesse no céu. Hou Yi deu o elixir à sua esposa Chang’e para que tomasse conta dele.

Um vizinho soube do elixir da imortalidade e tentou tomá-lo à força de Chang’e enquanto Hou Yi estava fora. Num momento de desespero, Chang’e engoliu a poção e se tornou imediatamente uma deusa e voou para o céu. Como ela ainda se importava muito com o marido, pousou no local mais próximo da Terra, a Lua.

Quando Hou Yi voltou e descobriu que sua esposa tinha desaparecido, ele ficou arrasado. Quando ele olhou para o céu para chamar o nome dela, viu que a Lua naquela noite estava especialmente brilhante e cheia e conseguiu avistar Chang’e.

Ele imediatamente trouxe os bolos favoritos de Chang’e para orar pelas bênçãos do céu. Desde então, tornou-se uma tradição para as pessoas adorarem o céu e comemorarem com bolos da Lua, ou bolos lunares, aquele dia. Assim, o Festival da Lua se tornou conhecido entre os chineses.

Os chineses acreditam que a lua cheia simboliza reuniões familiares e, por isso, no dia do festival, os membros da família se reúnem para fazer estas oferendas, apreciar a lua cheia e brilhante, comer bolos lunares, passear pelas ruas com lanternas iluminadas e brincar com fogos de artifício.

Foi uma noite muito divertida e jornalistas de vários países do mundo celebraram o costume chinês. 

Até amanhã!

 

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