Nesta terça-feira (20) eu e meu colega da Guiana, Samuel Sukhnandan, aproveitamos o dia livre para visitar o zoológico de Beijing, onde a principal atração é o panda-gigante.
Devo confessar que não gosto de zoológico. Embora saiba que nos últimos anos esses locais se transformaram em refúgios para animais em extinção ou vítimas de maus tratos, é o tipo de lugar que me deixa bastante baixo astral por revelar o pior do que um ser humano é capaz: privar um bicho da liberdade para poder contemplá-lo.
Além disso, tenho um trauma de infância. Em um certo Dia das Crianças, quando eu tinha por volta de 8 ou 9 anos de idade, minha mãe levou a mim e minha irmã caçula ao zoológico da minha cidade, Brasília, capital do Brasil. Por lá, as emas - uma ave corredora enorme, que chega a dois metros de altura - desfilam soltas e faceiras. Lembro que uma tempestade nos pegou no meio do passeio e fomos nas carreiras à procura de abrigo. Nesse momento fui perseguida por uma dessas aves. Fiquei aterrorizada e nunca mais quis voltar lá.
Décadas depois, não poderia ir embora da China sem conhecer o animal símbolo do país e que eu só conhecia por fotos e como personagens de desenhos animados.
Enquanto eu e Sam procurávamos o local para ver o panda-gigante, eis que me deparo com uma seção dedicada à fauna da América do Sul: tamanduá, anta e a ema, entre outros. Não cheguei a visitar minha conterrânea, mas dei muita risada ao recordar do meu trauma de infância.
A estrela do passeio, o panda-gigante, é um dos mamíferos mais raros e curiosos da fauna. Originário das montanhas do Sudeste Asiático, há cerca de 100 mil anos ele dividia o território com os gigantescos mamutes.
Um panda-gigante chega a 1,50 metro de altura e a pesar cerca de 90 quilos. São essencialmente herbívoros e a dieta deles inclui brotos, folhas e caules de bambu, planta típica de seu habitat. A maioria dos pandas-gigantes vivem na China, em planaltos e vales situados entre dois mil e quatro mil metros de altitude, região onde predomina um clima frio e úmido e é coberta por densas florestas de bambu, onde eles ficam protegidos dos ataques dos predadores naturais.
Os panda-gigantes parecem até praticantes experientes de ioga e têm o corpo extremamente flexível, o que os permitem os mais variados movimentos. Na verdade, ele pode curvar-se em qualquer direção, e é um dos únicos mamíferos que consegue plantar bananeira, chegando a caminhar de cabeça para baixo, apoiado sobre as mãos. Eles têm cinco dedos tanto nas patas traseiras quanto nas dianteiras, onde estão presentes unhas alongadas e pontiagudas.
A pelagem branca e preta parece ser macia, mas na verdade é formada por pêlos duros e grossos. Em um panda adulto, a pelagem pode alcançar cinco centímetros de comprimento. As orelhas, parte do tronco e os membros são cobertos por pêlos pretos e o resto é branco. A pele também tem duas tonalidades: onde o pêlo é preto é escura e onde é branco, rosada.
Os pandas-gigantes selvagens passam cerca de 16 horas do dia comendo e o resto do tempo, dormindo. Durante um ano, pode consumir mais de 4 toneladas de bambu. Ao chegar ao local desse bicho fofo, era hora do sono deles. Dos três que estavam visíveis, apenas um fez umas gracinhas, virou para o lado e foi curtir a soneca.
A casa dos panda-gigantes no zoológico de Beijing foi construída em 1990 como um projeto de presente para os 11º Jogos Asiáticos. O Pavilhão Panda cobre uma área total de 10 mil metros quadrados e tem uma área de construção de 1.452 metros quadrados. O edifício principal tem a forma de uma junta de bambu enrolada. São 11 arcos semicirculares distribuídos ao longo da direção de extensão da junta de bambu, simbolizando os 11º Jogos Asiáticos. A vegetação ao redor do local é dominada pelo bambu.
O zoológico de Beijing foi fundado em 1906, quando a China era governada pela última das dinastias, a Qing. Foi o primeiro zôo chinês, é um dos maiores do país e tem renome mundial, com mais de cinco mil animais de mais de 500 espécies; além de mais de 10 mil animais de mais de 500 espécies de peixes marinhos e vida marinha. Recebe mais de 6 milhões de turistas chineses e estrangeiros todos os anos.
Nesta quarta-feira (21), finalmente conhecerei a Cidade Proibida. Vou contar tudo para vocês!
Até amanhã!