DIÁRIO DA CHINA

Um mês longe de casa com um aperto de saudade e solidão

Há 30 dias saí do Brasil rumo a uma aventura na China e tento me acostumar com ausência dos meus afetos

Créditos: Samuel Sukhnandan - O celular é meu vínculo com o meu país e meus afetos.
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Dia 16 de agosto completou exato um mês que entrei em um avião em Brasília rumo a uma experiência na China, o outro lado do meu mundo. Essas quatro semanas têm sido intensas e cheias de aprendizados e obstáculos a serem superados.

O maior desafio para mim tem sido a distância dos meus afetos: filhos, família, amigos e cachorrinha. Eu sou uma pessoa que gosta de casa cheia, de estar perto das pessoas de quem gosto e que gostam de mim para falar amenidades ou trocar visões de mundo. O jeito tem sido estar o tempo todo conectada, acompanhando tudo que acontece com as pessoas que amo e com o meu país.

Talvez pela barreira do idioma, ou quem sabe por pura falta de afinidade, tenho me sentido muito solitária por aqui. Confesso que criei em minha mente um outro cenário, repleto de sororidade e cumplicidade latino-caribenha. A realidade é bem diferente. 

No entanto, como dizia minha amada e saudosa mãe: "você não nasceu grudada em ninguém". Sábias palavras. Tento apreciar o aspecto positivo dessa vivência e me esforço para usufruir da minha própria companhia. 

Claro que há exceções, ainda bem, e tenho cultivado uma amizade muito divertida com o meu colega da Guiana, Samuel. Ele tem muita paciência de entender o meu inglês desajeitado e tem sido um parceiro muito atencioso.

Samuel tem sido uma ótima companhia nessa aventura.

Um episódio durante um passeio nesta semana me bateu bem fundo a falta de amigos por aqui. A certa altura da atividade eu me vi completamente sozinha. Andei por um teleférico para descer 2 mil e 200 metros montanha abaixo sem a companhia de nenhuma alma viva. Eu, que morro de medo de altura, senti uma tristeza profunda. Mas nada que a minha fé e a companhia de Nossa Senhora Aparecida no meu coração não fosse capaz de superar. Se não deu certo é porque ainda não acabou. 

Nesta quarta eu tive o prazer de participar de uma live com a minha turma no Brasil. É realmente reconfortante saber que há pessoas que se interessam pelo que você faz e pensa e se preocupam de verdade com o seu bem-estar. Saí da transmissão reabastecida de carinho. 

Imagino que ao longo dos próximos meses terei a oportunidade de cultivar mais laços com colegas de outros países. Até lá, tenho trocado as tardes pela noite para acompanhar as notícias do Brasil e matar um pouco da enorme saudade da minha casa e das pessoas que gostam de estar comigo.

No final das contas, eu já sabia que não seria fácil. Só acho que não precisava ser tão difícil e solitário. E vida que segue. Nada como um dia depois do outro. 

Até amanhã!