Agosto chegou chegando e trouxe a fatura das minhas andanças durante o final de semana: quadril inflamado e coluna travada. Apelei para meu medicamento de uso contínuo para dor que trouxe do Brasil e para compressas quentes, sem sucesso.
Aos 18 anos de idade eu sofri um acidente de carro e tive uma luxação traumática no fêmur com fratura de acetábulo. Em linguagem simples, o osso da minha coxa entrou no quadril. Muito tempo depois, aos 36 anos de idade e mãe de três filhos, fiz uma cirurgia para colocação de prótese: cabeça do fêmur de metal e acetábulo (faz as vezes de um joelho e liga a perna ao tronco) de silicone. Maravilhas do Sarah Kubitschek, onde sou paciente.
O fato é que quando eu exagero nas caminhadas não costumo ter bons resultados. Dito e feito. Hoje acordei sem conseguir andar. A 'anja da guarda' Ma, pessoa que presta assistência aos jornalistas que participam do programa oferecido pela Associação Chinesa de Diplomacia Pública, agendou com urgência uma consulta com o Dr. Jia Haizhong.
Ele é considerado um dos melhores especialistas em Medicina Tradicional Chinesa (TCM, da sigla em inglês) e tem como pacientes líderes do país. O atendimento é feito na clínica própria, a Cifang Medicina Chinesa.
Além da Ma, me acompanhou à consulta um colega do Chile, Fábian Pizarro, que ajudou na tradução chinês-português-espanhol-inglês. Uma Torre de Babel, mas que no final das contas funcionou. Ele também fez os vídeos deste post.
O médico, pacientemente, perguntou sobre o que estava sentindo, quis saber sobre o meu histórico de dor, pediu para ver a minha l??ngua e posicionou o meu pulso sobre um suporte de madeira e sentiu a minha pulsação.
O pulso como recurso de diagnóstico da TCM pode fornecer informações específicas sobre o estado do paciente, como estão seus órgãos internos e vários detalhes. Todo o diagnóstico foi feito em mandarim, e ainda não tive acesso. Assim que souber os detalhes eu compartilho com vocês.
Cumprida essa primeira etapa que levou uns 20 minutos, ele e a assistente me deitaram na maca e colocaram quatro agulhas de acupuntura: uma em cada pé e duas no meu ventre, perto do umbigo. Outros 40 minutos. Nesse intervalo ele me orientou a deixar as pernas paradas e mexer a parte superior do tronco para que a minha coluna voltasse para o lugar.
Saí de lá com uma prescrição de remédios chineses que devo tomar três vezes ao dia a partir desta terça-feira. Como são manipulados, eu vou receber no local onde estou hospedada. Além disso, fui orientada e ficar em repouso - não caminhar - durante alguns dias e não poderei acompanhar o grupo à viagem programada para outra província nesta semana, já que a programação é praticamente toda de caminhadas.
Um dos comentários do médico que me chamou a atenção foi de que ele estaria disposto a fazer meu tratamento enquanto eu estiver na China. Afinal, disse ele, é comum na medicina ocidental o tratamento ser voltado para as consequências, e não para as causas. Ou seja, no ocidente tratamos a doença e não a saúde. Ele afirma que consegue me deixar boa. Claro que não vou desperdiçar essa chance.
Fiquei encantada com o uniforme usado pelo Dr. Jia Haizhong e equipe. Feito em um tecido de linho e algodão, gola Mao e fivela manual de duas camadas no mesmo tecido em lugar de botões. É o típico uniforme chinês adotado por praticantes de Tai Chi. Achei curioso o contraste com os jalecos brancos, a maioria feita de poliéster, que imperam no Brasil.
Voltarei com mais novidades para mostrar os remédios chineses, qual foi o diagnóstico e como será a evolução do tratamento.
Não esqueci do vídeo do meu latifúndio de um quarto em Beijing. Já está feito, mas preciso editar e hoje a dor não me deixou ser tão produtiva.
Até amanhã!