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[caption id="attachment_1167" align="aligncenter" width="300"] Ministro chama empresas Netflix e WhatsApp de piratas[/caption]
Em audiência nesta quarta feira na Câmara dos Deputados, o ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, afirmou que serviços como Netflix e WhatApp devem ser enquadrados em regulações nacionais para operarem no Brasil. O ministro acusou as empresas de ganharem muito dinheiro no país e não pagarem impostos, e mais, afirmou que estas empresas não geram empregos no Brasil.
Não vou discutir a questão dos impostos, porque no Brasil cobra-se imposto de tudo quanto for possível, mas na questão do emprego, ou oministro não tem informações suficientes ou está agindo ao encontro das empresas de telefonia e emissoras de televisão.
Primeiro por uma questão muito simples: de que empregos Berzoini está falando? E de quantas vagas? Empresas de tecnologia da informação e distribuidoras de conteúdo pela web não geram o número de vagas que outros setores da economia. Além disso, e os empregos indiretos? Serviços como estes geram sim vagas de empregos em setores conexos aos prestados pelas empresas citadas. Quem não quis comprar um smartphone melhor para ter o WhatsApp? Ou quem não comprou uma TV melhor, conectada, para ter acesso ao Netflix? Isto gera empregos, ministro. E o mais importante, serviços como o Netflix rompem que o monopólio da distribuição de conteúdo de filmes e séries como o da Globo Filmes. Se o ministro não sabe a Netflix está produzindo uma série totalmente nacional. Só falta o ministro querer taxar o YouTube.
Dizer que estas empresas não geram empregos é tão ridículo quanto a afirmação do senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) quando afirmou que a lei 12.485 (Lei do acesso condicionado que prevê cotas de conteúdo nacional na TV por cabos) ia contra a liberdade de expressão. Liberdade de expressão de quem, senador? Da Globo? A Lei do SeAc fomentou a indústria do audiovisual no Brasil multiplicando em 4 vezes as vagas de emprego no setor de produção de conteúdo. E onde esse conteúdo será exibido, ministro? Também na Netflix.
Não me lembro da última vez em que um ministro das Comunicações esteve à frente da pasta para defender os interesses do povo brasileiro. Chegará o tempo que veremos um? Acredito que em médio e curto prazo não mesmo.