A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, apareceu nesta sexta (1), na coletiva no Palácio do Planalto, com uma máscara com o símbolo da Mulher-Maravilha. Ela disse que foi um apelo para que os adultos pensem em formas lúdicas de incentivar as crianças a usar máscaras para que se protejam do coronavírus.
Achei curiosa a escolha da máscara, afinal, a Mulher-Maravilha não é exatamente uma mulher bela, recatada e do lar evangélico. E Damares já deixou mais que claro o lugar que ela acredita que as mulheres devem estar, e certamente não é salvando o mundo e quebrando a cara de marmanjo tendo vindo de uma ilha apenas de amazonas.
Afinal, a Ministra afirma que se “preocupa com a ausência da mulher na casa”, acredita que a mulher nasceu pra ser mãe e que ideologia de gênero é morte. Curioso de novo: se bradar aos quatro ventos que "meninas vestem rosa e meninos vestem azul", em uma colocação homofóbica e transfóbica, querendo impor papéis pré-definidos, não for ideologia de gênero, eu não sei o que é.
Nas palavras dela: "mulher nasceu para ser mãe. Também, mas ser mãe é o papel mais especial da mulher. A gente precisa entender que a relação dela com o filho é uma relação muito especial. E a mulher tem que estar presente. A minha preocupação é: dá pra gente ter carreira, brilhar, competir, consertar as bobagens feitas pelos homens. Sem nenhuma guerra, mas a gente conserta algumas. Dá pra gente ser mãe, mulher e ainda seguir o padrão cristão que foi instituído para as nossas vidas”.
Ideologia de gênero, sim.
Ela também delira em construir "um Brasil sem aborto", segundo ela, por meio de políticas que tratem de planejamento familiar. Não é como se métodos anticoncepcionais falhassem ou deslizes possam acontecer, claro. Um Brasil sem aborto. De acordo com o Ministério da Saúde, uma mulher morre a cada 2 dias em decorrência de abortos clandestinos e cerca de 250 mil são hospitalizadas pelo mesmo motivo por ano, mas Damares tem a solução. Um milhão de abortos clandestinos acontecem no Brasil por ano, mas, agora, isso acabará, pois Damares chegou com Teich e Bolsonaro para acabar com isso. Vai dar certo, sim.
Aliás, para a ministra, “a gravidez é um problema que dura só nove meses” e o “aborto caminha a vida inteira com a mulher”. Damares, minha filha, quem caminha a vida inteira com a mulher é o filho, não o aborto. Filho, aliás, que sai da barriga e dura bem mais do que nove meses.
Sem contar que, sem educação sexual e sem debates gênero nas escolas, o único jeito mesmo de prevenir gravidez indesejada na adolescência é sugerir CELIBATO. Vai funcionar certinho. Como ninguém pensou nisso antes? Eu escolhi esperar!
“Eu sou contra o aborto. Nenhuma mulher quer abortar. Elas chegam ao aborto, porque, possivelmente, não foi lhe dada nenhuma outra opção. A mulher aborta acreditando que está desengravindando (sic), mas não está”, já declarou Damares. Olha, senhora, na verdade, está desengravidando, sim. Nenhuma mulher engravida para abortar, é claro, mas, quando ela aborta, é exatamente isso que ela está fazendo, quer sua religião queira ou não.
E já que tocamos em religião, para Damares, “não é a política que vai mudar esta nação, é a igreja”. Evangélica.
A Ministra, MINISTRA, não acredita que a política seja instrumento de mudança. Certa feita, ela disse:
“Naquele dia, Deus renovou nossas forças. Porque Deus nos disse que não são os deputados que vão mudar essa nação, não é o governo que vai mudar esta nação, não é a política que vai mudar esta nação, que é a igreja evangélica, quando clama. É a igreja evangélica, quando se levanta (que muda a nação)”. Medo, né? Tem mais:
"As instituições piraram nesta nação. Mas há uma instituição que não pirou. E esta nação só pode contar com essa instituição agora. É a igreja de Jesus. Chegou a nossa hora. É o momento de a igreja ocupar a nação. É o momento de a igreja dizer à nação a que viemos. É o momento de a igreja governar."
Tira essa máscara, Damares, que é uma ofensa para Themyschira. Respeita as amazonas!