Se Nelson Rodrigues, o gênio, fosse vivo, teria dois assuntos maravilhosos para escrever. E eu, que não sou Pelé nem nada, se muito for sou um Tostão (sou nada, nadica de nada) resolvi ousar.
Primeiramente, quero falar da maravilhosa manifestação de amor da. Torcida do Paraná. O time vive um período terrível, ninguém sabe se terá um amanhã. Em 2017, estava na Série A. Hoje, luta para voltar à Série D. Para isso, precisa. Voltar à primeira divisão do Paranaense. Sim, o multicampeão foi rebaixado também no Estadual.
O campeonato tem dez clubes que se enfrentam em turno único. Os quatro primeiros disputam o título em mata+mata. Os finalistas conseguem o acesso. Então, o Paraná tem apenas nove jogos garantidos esse ano. Cinco como mandante.
Depois de uma fusão negada com o Cianorte e de uma SAF fracassada, a torcida passou a ser a tábua de salvação. A diretoria fez um vídeo com um paciente sendo submetido a massagem no coração e pediu que os torcedores comprassem 100 mil ingressos somados em cinco jogos.
No primeiro, vitória por 1 x 0 sobre o Nacional, foram 38 mil vendidos. Para o segundo, dia 11 de maio, 20 mil já foram comercializados. Quem usar a camisa do clube, paga 50 reais. E a certeza de que continuaremos a ver um mar de camisas metade azul e metade vermelha levando emoção aos estádios. É uma torcida salvando seu clube, seu motivo de paixão. Até quando? Até sempre. Paixão não morre e impede clubes de morrerem.
Se o paranista fala em paixão, Rogério Ceni fala em solidariedade. Após a vitória contra o Botafogo, que levou o seu Bahia à liderança, ele falou sobre pressão. E foi claro: futebol é entretenimento, pressão é o que estão sofrendo nossos irmãos do Rio Grande do Sul,com chuvas e enchentes com precedência apenas em 1941.
Ao delimitar a diferença entre futebol e a vida real, Rogério mostrou que nem sempre é só futebol. É preciso saber que há gente sofrendo, gente sem esperança, gente desabrigada, gente morrendo.
Mais um gol de Rogério Ceni.