Morreu Antônio Carlos da Costa Gonçalves, o Tonhão, zagueiro do Palmeiras, bicampeão paulista em 92 e 93 e campeão brasileiro em 93. Tinha 55 anos, estava internado e a causa da morte não foi anunciada. Fez 161 jogos pelo Palmeiras.
Saiu de cena de forma discreta, como era discreto o seu futebol. Zagueiro-raiz, eufemismo para grosso. O que não impediu de ser um ídolo da torcida em um elenco recheado de craques, como César Sampaio, Mazinho, Edmundo e Evair.
A torcida se identificava com seus carrinhos e dedicação. Era como se tivesse faltado alguém e um deles - os torcedores - tivesse sido chamado para completar o time.
Foi marcado por três lances. E nenhum deles ligado a grandes jogadas. Em 12 de junho de 93, o Palmeiras venceu o Corinthians e foi campeão paulista após 16 anos. Tonhão foi expulso por uma cabeçada no goleiro Ronaldo. Cabeçada inexistente. Ele se recusou a descer para o vestiário e viu, escondido, o final do jogo.
Em 1994, houve uma grande briga entre jogadores do São Paulo e do Palmeiras. Tudo começou com um tapa de Edmundo em Juninho. Os jogadores do São Paulo tentaram agredir Edmundo, mais o guarda-costas Edmundo não deixou.
No ano seguinte, no Parque Antarctica, ele trocou a camisa com um jogador da Portuguesa. Em seguida, cuspiu na camisa e limpou a chuteira. Disse que era uma vingança porque torcedores da Lusa haviam danificado seu carro no turno anterior, jogo no Canindé.
A Portuguesa reclamou muito e o Palmeiras deu uma advertência a Tonhão. Para os torcedores, não foi suficiente. As padarias de São Paulo, ligadas à comunidade portuguesa, fizeram um boicote contra produtos da Parmalat, que era cogestora do futebol do Palmeiras.
O boicote cresceu e as diretorias do Palmeiras, da Parmalat e mais Tonhão, pediram desculpas públicas, em um coletiva de imprensa.
Tonhão era grosso, mas era "o nosso grosso", para a torcida do Palmeiras. Nunca foi craque, mas foi ídolo em um elenco de craques.