Rei Romero, Giovani Augusto, Otero e os golaços que afrontam a "inteligência" jornalística
O campeonato que muitos querem destruir surpreende com pura arte futebolística
Existe uma parte da imprensa que defende o fim dos campeonatos regionais. Seriam símbolo do atraso, seriam o motivo da decadência brasileira.
Colocam todos os regionais no mesmo saco. Desde o paulista, o mais forte de todos, até o acriano. O que seria do futebol do Acre, Rondônia, Roraima em regionais? O que seria feito do amor dos torcedores?
Mas, deixa pra lá. Enquanto eles se deliciam com sassuolos, eu me emociono com golaços.
1) No segundo tempo, atrás do gol de Cássio, uma bandeira do Paraguai. No intervalo, a televisão mostra uma torcedora, com um cartaz, pedindo a camisa de Romero. E, no meu celular, chega a mensagem dele, meu grande amigo, o Engenheiro Pinduca. "Zinedine Romero".
São 43 mil torcedores no estádio - 2,5 milhões de renda - milhões pelo Brasil comemorando a bicicleta de Angel Romero, o paraguaio que está a dois gols de recuperar o posto de maior artilheiro de Itaquera. Uma emoção que deveria ser casada e caçada de os inteligentes e não o povo fosse ouvido.
2) Em Limeira, estava a torcida da Portuguesa, incomparavelmente menor, talvez 200 pessoas. Pessoas apaixonadas, donas de uma paixão que resiste e sobrevive a tantos desmandos
O time que quase caiu no ano passado, está perdendo por 2 x 1, já no segundo tempo. E aos 40 minutos, Eduardo Diniz faz um lindo gol de falta. Há quanto tempo a seleção não tem um gol de falta? Pode comemorar? Os lusos comemoram como se não houvesse amanhã.
Mas havia. Aos 47, Giovanni Augusto incorporou Zico, driblou três, invadiu a área e decretou a virada. Muita gente chorou. Pode chorar?
3) No sábado, foi o contestado Otero, que fez o seu golaço, dominando e virando em espaço minúsculo. O santista pode comemorar o que considera a ressurreição?
4) E nem precisa de golaço. A cidade de Novo Horizonte está feliz com gol chorado no final do jogo contra o gigante. Uma cidade cuja população cabe dentro do Palestra Itália foi dormir toda orgulhosa. E 45 mil torcedores do São Paulo enfrentaram a chuva pra ver seu time jogar.
O futebol é paixão que não pode ser domesticada. Não cabe em planilhas europeizadas.