Toda cidade, por menor que seja, gosta de ter alguém em destaque, geralmente no esporte ou na literatura. Nem todas podem ter Paulinho da Viola, Gilberto Gil, Carlos Gomes, Adoniram Barbosa, então é hora de louvar um poeta local, reis dos versos alexandrinos, alguém bom de discurso, um sambista ou o fulaninho que jogava muito mais que os pernas de pau de Fernando Diniz.
Maringá, no Norte do Paraná, tem 400 mil habitantes. Todos devem se orgulhar do Maringá Futebol Clube, fundado em 2010 e que já foi duas vezes vice-campeão estadual. Ficou em quarto na última edição. Está na Série D e na Copa do Brasil. E, pela Copa do Brasil, venceu o Flamengo por 2 x 0. Festa e feito inesquecíveis. Na volta, no Maracanã, perdeu por 8 x 2, mas...deixa pra lá
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No campo intelectual, o orgulho é Sérgio Fernando Moro. Se Diógenes e sua lanterna procuravam um homem honesto, sua busca terminaria em Maringá. Ali estava um Rui Barbosa, um varão de Plutarco, um homem capaz de enfrentar o Sistema. O tempo mostrou que o que todos desconfiavam era realidade: o herói de grande parte de Maringá era sim, parte do sistema. Do sistema digestivo.
O homem mais honesto do Brasil, na verdade, era um simulacro de Virgílio, o juiz ladrão interpretado por Otávio Augusto em Boleiros, de Ugo Giorgetti. Na verdade, pior. Virgílio, pelo que se sabe, não foi trabalhar para o time que ajudou mandando voltar um pênalti por várias vezes.
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Assim é Sérgio Moro. O homem que se dizia contra a "cupição", o homem que prendeu Lula, o homem que mudaria o Brasil era apenas um juiz que não respeitava as regras mais comezinhas da profissão. Nada de Rui Barbosa, apenas um Rolando Lero inculto. O homem que fala cônje e collheita de provas, As más línguas dizem que está certo. Afinal, se as provas eram plantadas, tinham de ser colhidas mesmo.
O juiz deixou a profissão de lado e virou político. E teve uma carreira sem rumo. Serviu a Bolsonaro como MInistro. Brigou com Bolsonaro e depois fez as pazes, transformando-se em carregador de pastas nos debates. Sonhou ser Presidente e não conseguiu ser candidato. Foi para São Paulo tentar ser Senador. "Aqui, tudo rebervera, disse". Rebervera? Seu truque - nunca morou em São Paulo - foi descoberto e voltou ao Paraná. Traiu seu mentor, Álvaro Dias, e foi eleito Senador.
Poderia se firmar como uma voz da DIreita Civilizada, algo em falta no Brasil atual. Poderia ser um Marco Maciel, poderia tentar ser alguém influente como Arthur LIra, mas passou a defender as teses mais reacionárias. Se transformou em um propagandista das fake news mais infames. Está junto com Damares, Nikolas, Magno Malta, esgrimindo argumentos falsos com sua voz inconfundível.
Sérgio Moro sempre foi isso aí. Inculto, reacionário, defensor de poderosos, bolsonarista, mas fica - não sei porquê - a impressão de estar em um enorme tobogã ético. Desce cada vez mais rápido rumo ao baixo clero da política nacional, um Severino Cavalcanti sem barriga.
Na lista de políticos influentes, está na última pagina. No pré sal. Na zona de rebaixamento. E ele virá em novembro, quando os erros de sua campanha forem julgados. Será cassado. Ficará inelegível/ Para vergonha de Maringá.