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Ventila-se a hipótese, dado o estado de coisas, que o perigo eminente de nas próximas eleições ascenderem ao poder candidatos com “vocação fascista” é bem real.
Ventila-se a hipótese, mediante os eventos recentes, que a soberania nacional será comprometida pela intervenção direta do governo estadunidense.
Ventila-se a hipótese, tendo por base o noticiário, que a confiança do mercado aumentará de tal forma em relação ao Brasil que investidores entrarão aqui com tamanha volúpia como os mineradores um dia chegaram à Serra Pelada.
Ventila-se a hipótese, olhando o extrato bancário, que o mercado financeiro, rentista, predatório, vai impor ministros e regras ao governo brasileiro. Lembrará que o “capital” não tem domicílio fixo, daí, em tom ameaçador, convidará o país a render-se às evidências.
Ventila-se a hipótese, diante dos rumores, que a Amazônia com toda sua biodiversidade será “privatizada” e demarcada como “área de livre comércio”. Fatiada na lógica da indústria farmacêutica e não pela política de Estado.
Ventila-se a hipótese, a partir das redes sociais, que o expediente republicano da separação dos três poderes se transformará em conluio das elites no feitio suruba.
Ventila-se a hipótese, lendo relatórios especializados, que a desigualdade social voltará a ser a principal chaga nacional. Concentração de renda e diminuição das chances de ascensão via educação pública de qualidade.
Ventila-se a hipótese, prestando atenção nos boatos, que os jornalistas bem empregados serão aqueles que cumprirem múltiplas funções (contabilidade, publicidade, venda), além de terem sensibilidade para entender os contratos não escritos dos editores.
Ventila-se a hipótese, dando margem às fofocas, que, no futuro, filósofos, acadêmicos, pensadores, escritores, diminuirão o senso crítico e exacerbarão o “instinto de sobrevivência”. Preferirão ser chamados de coach a intelectuais.
Ventila-se a hipótese, conforme espírito de época, que milhares de pessoas escandalizadas pelo péssimo testemunho de líderes cristãos afluirão para a condição de desigrejados (com fé, mas sem comunidade).
Ventila-se a hipótese, segundo rumores das bocas miúdas, que os direitos das minorias serão de tal modo suspensos que haverá uma inflexível ditadura da maioria. Porrada e bomba.
Ventila-se a hipótese, mediante editorial da imprensa oficial, que a precariedade do serviço público ocorrerá com projeto estratégico. Na pauta, a pressão para que os funcionários públicos desistam da luta e aceitem as novas condições.
DISCORDO DAS HIPÓTESES, pois tudo que foi dito já é fato consumado. Ninguém precisa esperar para testar as predições. O Carnaval chegou e o Brasil está de corpo e alma numa suruba estilizada.
Valdemar Figueredo Filho
Twitter: @ValdemarDema2
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