Ícone da “vanguarda” política da redemocratização dos anos 1980 grita da sua cobertura na Zona Sul do Rio: “Fora Dilma!”

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Bem acomodado na aba esquerda da página dois do segundo caderno do Jornal O Globo. O combativo jovem guerrilheiro voltou do exílio em 1979 solfejando bandeiras de vanguardas políticas europeias. Estética libertária na agenda dos direitos individuais. Líder da Onda Verde que a partir do Rio de Janeiro atingiria outras praias. Sendo mais específico, a Zona Sul do Rio representa seu habitat natural em termos estéticos, filosóficos e políticos. Atitude blasé. Frugal. Aparentemente deslocado no salão do parlamento da Câmara dos Deputados. Voz destoante que dava a entender que a “velha política” estava vivendo as vésperas do seu crepúsculo. Chegou a mandar o então presidente da Câmara, Deputado Severino Cavalcante, a calar a boca. Bem acomodado na apresentação do programa que leva o seu nome na Globo News. Verdadeiro ícone do jornalismo “quase” investigativo. Parece que nesta altura definitivamente o jornalista suplantou o político. Nunca foi tão necessário na comunicação de massa blasé: "Mais uma vez, o povo na rua. Grande parte de nossa esperança está depositada na sociedade. Ela é quem pode dinamizar a mudança. A maioria vai gritar “Fora Dilma”, Fora PT. Não há espaço agora para outras palavras. No entanto, a saída de Dilma é apenas o começo (...)". Nem o colunista da aba esquerda da página quatro (colunista principal de política) do Jornal O Globo, mesmo com seu conteúdo tão enviesado, conseguiria ser tão assertivo. O nosso velho conhecido, embora bem acomodado “jornalisticamente” falando, não perde as suas manias de radicalismo revolucionário. Nesse vício de linguagem típico, não importa a ordem instituída, importa derrubá-la. Conclamar os cariocas para marcharem pela derrubada de governo eleito democraticamente pode parecer simplório na retórica contumaz dos sujeitos sem rostos que habitam as redes sociais. No entanto, lê-lo em editorias mascarados de “jornalismo” é algo espantoso pelo conteúdo e pela fonte. No dia dez de março deste ano, véspera da grande mobilização combinada via redes sociais, o jornalista em questão assumiu a “tribuna” do jornal Estadão (SP) para dá sua contribuição revolucionária: "Domingo é dia. De novo. O governo respondeu mal. Ele joga com o tempo. Sabe que é difícil manter tanta gente na rua quando sem um resultado tangível. É um cálculo válido para período de estabilidade e crescimento. O Brasil em crise é um fio desencapado. As manifestações não conseguiram ainda seu objetivo: Fora Dilma". Quanto ao título do artigo com direito à arte gráfica com o rosto da presidenta: Bye, Bye Dilma! Por ocasião das eleições para governador do Estado do Rio de Janeiro em 2010 a onda verde da Zona Sul não chegou a Zona Oeste, mas bem que atingiu o interior pelas beiras da Zona Norte. Fenômeno eleitoral para o legislativo chegou perto e ficou em segundo lugar na disputa pelo governo do Rio. Nesse contexto eleitoral a revista Veja manifestou “seu voto” nestes termos: O guerrilheiro da lucidez, a materialização das utopias impossíveis. Bem acomodado como comentarista na rádio que toca notícias (CBN) o nosso lúcido jornalista afirma-se como multimídia: rádio, TV e jornal impresso. Merval Pereira que tome cuidado. O ativismo por notícias daquele que trocou os ares sisudos de Brasília pela atitude blasé do Leblon o credencia a posição de grilo falante dos editoriais políticos das Organizações Globo. Ademais, do Leblon ao Jardim Botânico chega-se pedalando a magrela pela pista da Lagoa. A sede da Academia Brasileira de Letras fica um pouco mais longe, mas dá para chegar lá também. Por favor, ajudem-me a entender: O que é isso companheiro? Foto: Paulo Pinto/Fotos Públicas