Compareceremos na sessão eleitoral no dia 7 de outubro de 2012 para elegermos prefeitos e vereadores. Desde a promulgação da Constituição Federal de 1988 o nosso pacto federativo concebe grande destaque para os municípios, uma descentralização administrativa que sugere participação mais efetiva dos cidadãos. Constatamos uma vez mais que o voto evangélico é uma variável importante das eleições municipais.
Afirmar a previsibilidade desse voto seria um exagero da nossa parte. Por isso que essa variável foge das mãos apressadas em defini-la ou contê-la. Não custa lembrar que as igrejas evangélicas brasileiras não são agrupadas por um centro decisório.
O grupo religioso em questão mantêm variados vínculos sociais. O vínculo religioso pode até ser o mais importante para alguns crentes, mas sempre será um dentre outros. O pertencimento religioso não define necessariamente o voto. A cada eleição a sua própria agonia.
Assistimos uma vez mais líderes evangélicos testando o seu poder de influência nas cidades, seja candidatando-se ou indicando representantes. Bispos e pastores de grandes rebanhos chegam a compor com partidos estratégias nacionais. Geralmente esses grandes cabos eleitorais controlam redes de comunicação (televisão, rádio, internet, jornais, revistas, gravadoras, editoras etc.).
O voto evangélico está relacionado a uma teia de variáveis. Dependendo da cidade e dos candidatos, existem especificidades. Por exemplo, na cidade de São Paulo, o pastor José Wellington, líder da Convenção Geral das Assembleias de Deus do Brasil (CGADB), é um velho aliado do PSDB. Nas eleições que participou, seja como candidato a presidente, governador ou prefeito, José Serra sempre contou com as orações de José Wellington. Caso o líder da CGADB fosse um calvinista, ele diria que o nobre homem público merecedor da sua bênção está predestinado ao comando dos respectivos cargos executivos.
O monitoramento das eleições leva-nos a concluir que não basta o candidato ser evangélico para conquistar os votos dos irmãos. A concepção da representação neste caso é tão complexa quanto o voto. Não custa lembrar que voto e representação não são a mesma coisa. Convém adicionar a teia de variáveis do jogo político as típicas disputas internas no campo religioso.
Acompanharemos juntos aqui neste espaço (blog da Revista Fórum) características da participação de grupos evangélicos na cena política eleitoral deste ano. Aguardo a sua interlocução para monitorarmos essas intricadas relações.