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A cadeirada eleitoral e os heróis

Após o susto, analistas correram primeiro para opinar sobre o episódio. E depois pra tentar decifrar seus efeitos eleitorais

Créditos: Reprodução/TV Cultura
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O grande fato político desta semana, que provavelmente será o maior desta campanha eleitoral, foi a cadeirada de José Luiz Datena em Pablo Marçal.

Ela repercutiu não só em São Paulo e no Brasil, como também em diferentes grandes meios de comunicação mundo afora.

Após o susto, analistas correram primeiro para opinar sobre o episódio. E depois pra tentar decifrar seus efeitos eleitorais.

Pelas pesquisas Datafolha e Quaest e também pelos trackings de campanha que este autor teve acesso, a cadeirada serviu mais para interromper o crescimento de Pablo Marçal e até para tirar votos dele, do que por mudar significativamente os resultados dos outros candidatos, incluindo Datena.

Para uma grande parte dos eleitores, Marçal já estava por merecer uma volta na mesma moeda daquele que com tanta veemência detratava desde que se lançou candidato.

Primeiro, culpou Tabata pela morte do seu próprio pai. Depois acusou Boulos de cheirador. E no seu último ato antes do episódio, chamou Datena de Jack, que na linguagem da cadeia é o sinônimo de estuprador.

A cadeirada então seria legítima. Afinal, alguém precisaria detê-lo, defenderam muitos.

Outros avaliaram que a política teria sido vítima do ato, que consideraram injustificável.

Como Marçal resolveu se vitimizar e sair numa UTI móvel para um dos melhores hospitais de São Paulo, onde apareceu sendo atendido por uma junta médica e cercado de aparelhos, isso parece ter mexido mais com uma parte do seu eleitorado do ponto de vista negativo do que o ataque sofrido.

Imagine o que pensou vendo a cena aquele entregador que dirige uma moto uma bicicleta no pesado trânsito paulistano e que quando se acidenta tem que muitas vezes sair machucado e continuar trabalhando para pagar as contas do dia seguinte? Ou aquele peão de obras que vive em risco e que quando se acidenta não tem para onde ir?

Marçal mostrou ao seu eleitorado médio que na verdade não é super herói. Pelo contrário, se trata de um menino mimado que não aguenta 30 segundos de uma mísera briga com um idoso.

E aí parece ter se derretido um fascista.

Sim, os fascistas são muito corajosos para atacar pessoas indefesas ou ameaçar seus oponentes pela internet, ou quando estão em segurança. Mas sua grande maioria não tem um milésimo da força que o povo trabalhador tem para enfrentar qualquer adversidade da vida.

A cadeirada foi um ato extremo, mas teve um efeito educativo. É preciso desmascarar a bravura dos fascistas. Porque no fundo no fundo eles são uns bundões.

Heróis são os que vivem com um salário mínimo.