A Lava Jato está em seus estertores. O grito desesperado do cisne foi ouvido nesta segunda-feira (22) de uma ação estapafúrdia do TRF-4, que afastou e apreendeu o celular de um juiz federal, Eduardo Appio.
Ele assumiu a 13º vara de Curitiba em 8 de fevereiro deste ano e é um crítico dos métodos da Lava Jato e um desafeto de Sergio Moro.
Moro, que tinha uma relação próxima com o TRF-4, como mostraram os áudios da Vaza Jato – vazamentos oriundos de trocas de mensagens entre Dallagnol e Moro. Alguns áudios mostram inclusive procuradores da Lava Jato debochando da morte do neto de Lula. Tiveram essa coragem de celebrar a morte do menino Arthur, que tinha sete anos na época. Falavam também de dona Marisa. Agora, se colocam numa posição de julgadores desprovidos de qualquer posição política, donos da verdade absoluta e apreendem equipamentos de um juiz federal porque ele teria ligado para o filho do desembargador Marcelo Malucelli, autor da representação que afastou Appio.
O filho do desembargador, João Eduardo Malucelli, é sócio de Moro e sua esposa Rosangela no escritório Wolff & Moro. Esse desembargador queria ter impedido Appio de assumir a vara da Lava Jato.
O afastamento é por conta de um telefonema que alegam ter sido dado pelo juiz Eduardo Appio, um telefonema que não revela absolutamente nada. A voz teria semelhança de três na escala que vai até quatro contra o juiz afastado. Mas até eu imitando o Lula daria essa semelhança.
Por que isso está acontecendo? Porque a Lava Jato está perdendo, já perdeu os anéis e está perdendo os dedos. Porque essa organização, de cunho criminoso, não intimidou o Supremo Tribunal Federal, que tirou todas as decisões da Lava Jato. Por que criminoso?
Porque levaram à morte dona Marisa, tiraram a liberdade de Lula por 580 dias, destruíram a vida de uma dezena ou mais de pessoas sem provas robustas, para poder torturar durante um longo período em Curitiba. Essas mesmas pessoas, depois, disseram que os depoimentos foram dados sob tortura.
O desespero deles leva a uma atitude estapafúrdia de tirar o juiz do jogo nesse momento. Até porque o Supremo não está com eles. O ministro do STF Dias Toffoli já pediu, por exemplo, que o depoimento de Tacla Duran seja realizado e que o Supremo cuide do caso. Até Palocci, quem diria, está dizendo que fez um acordo sob pressão, que sofreu tortura política. Emílio Odebrecht denuncia isso no seu livro Uma guerra contra o Brasil.
E por isso apreenderam o celular, o laptop e o desktop do juiz. Agora eles vão descobrir e vazar mensagens para incriminá-lo? É isso que eles vão fazer? É isso que querem, restabelecer a perseguição da Lava Jato a um juiz federal que teve a coragem de enfrentar essa gangue.
Mas o tempo é o senhor da razão. O mundo gira e isso vai fazer com que a Lava Jato possa espernear, mas seus dias de glória acabaram.
E o seu erro simbólico, concreto, foi uma política nefasta que destruiu milhões de empregos no Brasil, que acabou com setores econômicos, que privou de liberdade muitas pessoas e fez com que o Brasil tivesse Bolsonaro presidente.