O presidente Lula já começa a separar as peças para a montagem do seu 3º mandato. Na terça-feira à noite, a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, fez uma reunião com presidentes de mais nove partidos políticos e algumas lideranças desses mesmos partidos para debater a transição. Ficou combinado que as siglas indicariam seus representantes até esta sexta-feira (4). A ideia é que ao formar este gabinete de transição cada partido também já vá se posicionando para qual deve ser sua participação no futuro governo.
Neste encontro ficou claro que é fundamental construir uma base forte no Congresso para poder realizar o plano de governo que venceu nas urnas.
Nesta reunião, por exemplo, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), entrou para saudar os participantes. E parece que há já um consenso de que sua recondução ao cargo é o melhor que pode acontecer na atual conjuntura. Em relação a Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, não há consenso sobre sua recondução. Muito pelo contrário.
PSOL, PT e MDB (por conta de Renan Calheiros) são contra mais um mandato para o pai do orçamento secreto e a quem Lula chamou de imperador. O PSB, na figura do ex-governador Flávio Dino, já acha que é o caso de conversar com Lira.
Se isso vier a acontecer, por exemplo, o PSOL pode não entrar no governo.
E mesmo que não venha, há uma grande disputa no partido para o encaminhamento dessa decisão sobre a participação no novo governo. Praticamente metade da legenda acha que a sigla deve apoiar Lula no legislativo, mas de maneira independente.
Quem vão ser os ministros de Lula?
Começaram as apostas para o ministério. Não só as apostas, como as indicações e pressões. Lula, por exemplo, pediu para que Fernando Haddad coordene a equipe de transição para o ministério da Educação. Haddad o fez. Mas não parece estar disposto nem a coordenar o processo e nem muito menos voltar a ser ministro da pasta da qual já esteve à frente sete anos.
Há quem aposte que o candidato a governador de São Paulo se animaria mais se viesse a ser o comandante da Economia ou assumisse o Itamaraty. Mas Aloizio Mercadante, que foi o coordenador do programa de governo de Lula, também é cotado para ser chanceler. Celso Amorim já teria sinalizado que não topa.
Na Educação, surge com força o nome de Izolda Cela, governadora do Ceará que foi deixada na mão pelo PDT. Aí se tem duas questões, a pasta seria muito grande para ser do PDT, que elegeu 17 deputados apenas, e ao mesmo tempo o PDT poderia dizer que quer um nome mais seu do que Izolda. Como, por exemplo, o de Carlos Lupi para o Ministério do Trabalho.
A pasta da Cultura deve ser recriada e um nome sempre forte é o de Juca Ferreira, mas ele tem a concorrência do senador Randolfe Rodrigues que vem com o apoio de Paula Lavigne e de artistas globais. Corre por fora, porém, a cantora Daniela Mercury.
O deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) é cotado para a Saúde, mas também para o ministério da Economia. Sua ida para o ministério resolveria um problema com o PCdoB, que voltaria a ter Orlando Silva como deputado federal. Ele ficou em 1º suplente na chapa da federação PT/PV/PCdoB.
O PV poderia ficar com a pasta do Meio Ambiente e o candidato a governador do partido no Distrito Federal, Leandro Grass, poderia ser o indicado. Neste caso, Marina Silva assumiria um Ministério do Clima, que teria um papel interministerial e articularia políticas em todas as áreas.
O nome mais forte para o Ministério da Justiça é o de Flávio Dino (PSB). Isso já resolveria uma parte do problema com o partido. Mas ainda faltaria ao menos mais uma pasta para o partido de Alckmin. O professor Silvio Almeida também é um nome citado para a Justiça, mas como ele seria mais um representante da sociedade civil talvez lhe falte força política para o cargo. O Ministério dos Direitos Humanos começou a ser citado como um espaço para ele.
Os povos originários devem ter um ministério. Se o PSOL participar do governo, muito provavelmente Sônia Guajajara será a ministra. Caso não, Airton Krenak passa a ser o nome favorito.
Há uma necessidade de que o ministério tenha muitas mulheres e uma boa participação de negros. Isso será levado em conta.
A presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, por exemplo, é nome quase certo no ministério. Só não se sabe para qual cargo. A Casa Civil é uma possibilidade, mas Lula tem a tendência de tocar a política e preferir alguém mais executivo neste cargo.
Teremos dois longos meses de especulação, mas as peças já começaram a se mexer.