Há muita especulação sobre este final de mandato de Bolsonaro, mas a realidade é o que a conjuntura permite responder a partir da correlação de forças no Congresso, nas redes, nas ruas e nas pesquisas.
E com base neles pode-se afirmar que:
- Não se conseguiu criar um movimento de rua capaz de encurralar Bolsonaro e forçar setores da política e do estabilishment que o apoiam a abandonar definitivamente o seu barco.
- Bolsonaro foi muito competente do ponto de vista pragmático para montar uma base de apoio consistente no Congresso a partir da distribuição de caminhões de recursos em emendas parlamentares.
- Bolsonaro ainda tem uma expressiva ação de redes e mantém seu núcleo duro ativo em defesa das suas ideias (por mais absurdas que sejam) e do seu mandato.
- Bolsonaro não tem um partido político, mas tem uma família política que pode manter seu legado mesmo que seja derrotado, por isso ele não vai renunciar. O destino de Bolsonaro se vier a perder pra Lula e vier a ser processado por seus crimes pode ser o de Fujimori. Por muito tempo ainda vai ter um Bolsonaro por aí atormentando nossas vidas.
Mesmo com tudo isso, Bolsonaro é hoje um jacaré banguela. Todas as pesquisas mostram que ele não se reelege e tem chances próximas de zero de fazer isso acontecer. Ele não tem tempo de recuperar o seu governo e qualquer cavalo de pau que busque a 1 ano das eleições pode ter resultado pior. Demitir, por exemplo, Paulo Guedes seria uma loucura. É quase impossível que ele venha a fazer isso. Se o fizer, pode ficar ainda mais fragilizado.
Resumo da ópera: Bolsonaro fica até 31 de dezembro de 2022, deve disputar o segundo turno eleitoral, vai perder, mas vai lutar como um monstro do pântano para que isso não aconteça e vai sair do governo como um Trump.
Temos que estar preparados para derrotá-lo. E se possível pela maior margem possível. Não será tão fácil como alguns imaginam, mas é o que se tem para hoje num cenário realista.