A famosa frase de Karl Marx, “a religião é o ópio do povo”, provavelmente tem no Brasil seu melhor laboratório. Mas não só enquanto ópio, algo que provoca entretenimento e um certo embriagar, mas também como maneira de fazer dinheiro vendendo ópio ao povo.
O caso da deputada Flordelis que veio à tona nesta semana é um exemplo completo de como isso acontece. Flordelis é acusada de matar seu marido, que foi namorado de sua filha e que teria sido assassinado também por seus filhos adotivos.
Uma história de arrepiar.
Que fica ainda mais alucinante quando detalhes sórdidos de como funcionava a casa onde ela mantinha quase 50 filhos adotivos vem à tona. Uma geladeira especial para os que eram os “escolhidos” e pão sem manteiga para o resto.
Flordelis era tratada como uma santa. Até filme com cachê doado por artistas famosos em sua homenagem ela teve.
Mas era uma ladra. Uma pessoa perversa. Que ficou milionária vendendo livros, cds e até o reino do céu. Que ficou famosa atacando o aborto e dando conselhos matrimoniais.
É praticamente o mesmo enredo da saga de João de Deus, o homem que teve Madonna a seus pés, além de políticos de todos os partidos e empresários de toda parte do mundo.
João de Deus não passava de um verme enganador, acusado de tráfico de crianças, entre outras barbaridades. Um sacripanta que estuprava mulheres que o procuravam imaginando-o um santo.
João de Deus também ficou bilionário.
E ainda temos um padre Robson, cuja história ainda não tem detalhes tão sórdidos revelados, mas que parece ter apreendido com a família Bolsonaro sobre como fazer dinheiro fácil vendendo e comprando imóveis. Abusou da fé alheia com a mesma avareza dos outros dois.
A primeira é evangélica pentecostal, o segundo espirita e o terceiro católico. As três maiores religiões brasileiras.
O que fica claro nesses três episódios é que o Brasil se tornou um território fértil para se fazer dinheiro ilegal, fruto de corrupção, usando a religião como instrumento.
Por isso, hoje, uma parte do crime organizado utiliza esse espaço da fé para montar seus negócios. E com isso territórios estão sendo capturados e junto com eles a democracia.
É urgente discutir como regulamentar a receita oriunda de praticas religiosas no Brasil e como fiscalizá-la para impedir que o país não se torne um talibanato tupiniquim e passe a ser administrado por gente como essa pastora Flordelis, o médium João de Deus e o pastor Robson.
Pode ser muito pior do que é o Brasil. É só continuar deixando que essa gente permaneça agindo impunemente. Os três que foram pegos são faces de uma mesma moeda. Mas são apenas uma moeda num imenso cofre do tio Patinhas. Há muitas moedas com essas faces por aí.