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Ontem a Rede Globo proporcionou a quem ficou acordado até a madrugada uma das cenas mais constrangedoras do jornalismo brasileiro. Transformou a mediadora da entrevista com Jair Bolsonaro, Miriam Leitão, numa papagaia de pirata, que repetia, conforme alguém ditava pelo ponto eletrônico, uma nota da emissora.
Nunca na história deste país tantos jornalistas passaram uma vergonha tão retinta quanto aquela. Eram oito olhando e ouvindo uma colega lendo uma nota bizarra.
Fórum acompanhou a sabatina inteira e você pode ver o vídeo aqui. E ler outras matérias feitas à quente sobre o principal do programa aqui, aqui, aqui e aqui.
A nota da Globo teve relação com uma provocação na medida (é dose ter que concordar com isso) feita por Bolsonaro. Ele disse que não se arrependia do que havia acontecido no regime militar porque tudo que tinha sido em defesa do Brasil, como, aliás, havia bem definido em editorial de O Globo o “grande democrata” Roberto Marinho, em 1984. E passou a falar de cor trechos do editorial. Entre eles, este que segue:
Participamos da Revolução de 1964, identificados com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, ameaçadas pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada.
Mas ao final do programa, a Globo tentou fazer de conta que ele não havia dito a verdade, porque um novo editorial da emissora, em 2013, reconhecera que o apoio à ditadura foi um erro.
“À luz da História, contudo, não há por que não reconhecer, hoje, explicitamente, que o apoio foi um erro, assim como equivocadas foram outras decisões editoriais do período que decorreram desse desacerto original. A democracia é um valor absoluto. E, quando em risco, ela só pode ser salva por si mesma.”
A questão é que Bolsonaro falou que Roberto Marinho foi um “grande democrata” por ter defendido sempre o regime militar. E isso é absolutamente verdadeiro.
E quando a Globo, no meio das imensas manifestações de 2013 soltou aquele editorial citado ao fim da entrevista na GloboNews, o fez por receio de que as massas que estavam nas ruas invadissem os prédios da emissora. E Roberto Marinho já não estava mais vivo há uns bons anos.
Vivo, ele nunca reconheceu o erro de ter apoiado um regime que transformou o Brasil num quartel. Essa é a verdade.
Por isso, dói, mas é necessário reconhecer, a razão neste caso está com Janaina e Bolsonaro. O que é algo raro, mas acontece. Quando as coisas se referem à honestidade da Globo, tudo é possível.
Não entro no mérito do que acham os que hoje comandam a Globo. Apenas lembrei o que disse o senhor Roberto Marinho, falecido em 2003, sobre o Regime Militar. A nota de mea-culpa citada por Miriam Leitão foi lançada 10 anos após sua morte.
— Jair Bolsonaro (@jairbolsonaro) 4 de agosto de 2018
1) Relativamente à resposta da Rede Globo ao Dep. Jair Bolsonaro, no sentido de que ele teria deixado de mencionar que, em 2013, o Globo se retratou do editorial de 1984, gostaria de destacar que o Deputado havia citado Roberto Marinho, falecido em 2003. O Deputado não mentiu!
— Janaina Paschoal (@JanainaDoBrasil) 4 de agosto de 2018