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[caption id="attachment_21244" align="aligncenter" width="800"] Foto: Agência Câmara[/caption]
Um pesquisa desta semana surpreendeu muitos analistas políticos. A XP Investimentos, que tem feito constantemente levantamentos com 204 investidores institucionais, concluiu que 48% dos entrevistados acreditam que Jair Bolsonaro será o vencedor da eleição presidencial deste ano. https://revistaforum.com.br/pesquisa-mostra-que-percepcao-de-investidores-muda-e-bolsonaro-passa-a-ser-favorito/
O favorito desses investidores na pesquisa anterior era Alckmin, que despencou para 31%.
Ou seja, o tosco candidato da extrema direita que fazia tipo gritando no Congresso em defesa do torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra e que recentemente foi condenado por apologia ao estupro, agora já não é mais descartado como alternativa para dar prosseguimento à agenda neoliberal.
Bolsonaro já sacou que sem Lula na disputa ele pode vir a ser o candidato da centro-direita e por isso vem adaptando seu “corpinho” ao novo paletó.
Estratégia Trump
O que Bolsonaro começa a fazer agora tem como modelo a estratégia que levou Trump à presidência dos EUA. O empresário fanfarrão começou fazendo um discurso histriônico e da anti-política e aos poucos foi caminhando para o centro dando um conteúdo de recuperação da economia para os setores mais pobres e despolitizados.
Trump teve menos votos do que Hillary, mas ganhou nos estados mais operários, tradicionalmente Democratas, e levou a eleição em número de delegados.
Sem Lula na disputa, Bolsonaro tem que adaptar esse seu discurso anacrônico e agressivo a um outro mote, o da esperança para dialogar com o nordestino, de um lado, e com a classe C e D dos grandes centros urbanos de outro. Por isso, mudou seu tom de discurso em relação ao Bolsa Família.
http://www.infomoney.com.br/mercados/politica/noticia/7457431/bolsonaro-defendera-bolsa-familia-carta-principios-diz-que-lula-esta
Mas só fazer isso não resolve o seu problema. Ele precisa ter votos, mas ao mesmo tempo ser aceito no andar de cima. E por isso começa a incorporar um discurso mais liberal na economia para o mercado.
Pai dos pobres e mãe dos ricos
No Brasil, esta estratégia não é exatamente nova. Muitos outros políticos já vestiram este terno. Jânio Quadros, por exemplo, fazia um discurso popular e anti-política para o andar de baixo e entregava tudo e mais um pouco para os de cima.
A despeito de não ser inédita, ela pode vir a funcionar de novo. Entre outros motivos, porque Bolsonaro é, sem Lula, o candidato mais carismático à disposição para este pleito.
Os outros nomes podem até derrotá-lo, mas não têm o mesmo encaixe performático e/ou carisma que o milico retrógrado.
O passado lhe condena
A estratégia parece ser a única à disposição do candidato mais perigoso desta eleição. Insistir num discurso apenas agressivo poderia lhe tirar votos na classe média e ainda lhe aumentar resistência, por exemplo, entre o eleitorado feminino, a respeito do qual já disse muitas barbaridades.
A questão é que mesmo com essa passada de verniz na sua cara de pau, Bolsonaro terá de enfrentar uma exposição acima do que viveu nesses 30 anos de vida pública. Ele vai ser massacrado pela equipe de Alckmin, que sabe que só pode levar o tucano ao segundo turno, se vier a tirá-lo do páreo.
E tudo aquilo que Bolsonaro já disse, inclusive sobre o aumento do seu patrimônio, será apresentado ao eleitor. Neste momento, ou ele reage a lá Bolsonaro ou pode minguar. É aí que o novo figurino mais moderno pode ficar estranho.
De qualquer maneira, o fato objetivo é que, no momento, Bolsonaro já não está mais sendo visto pelo deus mercado como o capeta das eleições. Ao contrário, passa a ser tratado como alternativa. O que mostra bem o caráter deste deus tão cantado em verso e prosa como o salvador de todas as pátrias.