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Quando a Operação Lava Jato começou era compreensível ter dúvida acerca do seu papel e objetivos. Havia gente séria e intelectualmente respeitável que considerava que ela poderia ser republicana. Que o juiz Sérgio Moro seria alguém com propósitos acima dos interesses partidários. E que o Supremo Tribunal se comportaria com altivez.
Com o passar do tempo, boa parte desses foram vendo que havia nela uma clara intensão seletiva. E que o impeachment de Dilma e a criminalização de dirigentes e quadros importantes do PT, incluindo Lula, era o que o movia praticamente todos que estavam naquele barco do suposto combate à corrupção.
Após a sessão da Câmara transmitida por todos os veículos de comunicação naquele fatídico domingo de 17 de abril só os mal intencionados ou os despidos de qualquer compreensão de como funcionam as coisas no mundo real da política continuaram a acreditar que tudo aquilo que havia começado na investigação de um doleiro não era nada mais do que uma grande farsa montada para interesses políticos espúrios.
Como diz um amigo querido, aquela sessão foi sexo explicito no meio da sala de jantar e na frente das crianças. Depois, Moro inocentou a esposa de Sérgio Cabral, Adriana Ancelmo, mesmo com denúncias de que ela havia recebido malas de dinheiro e provas de que comprou jóias aos montes com para lavar propina.
Sendo que este mesmo juiz não concedeu a dona Marisa o direito de descansar em paz por entender que ter visitado um imóvel no Guarujá é mais grave do que lavar dinheiro.
Agora o juiz do Supremo, Marco Aurélio Melo, numa decisão monocrática devolve o mandato de senador a Aécio Neves e lhe faz rasgados elogios. Sendo que o dito senador é investigado em oito inquéritos, teve conversas nada republicanas com Joesley e o seu compadre Zezé Perrella divulgadas. Entre elas a da combinação para que o seu primo (que ele tinha como matar) recebesse 500 mil reais do empresário, que, aliás, já foram devolvidos à PF.
Afora isso, ainda há o acerto de 2 milhões entre o empresário e sua irmã, Andrea Neves, que também está livre leve e solta pra continuar sua missão de impedir que jornalistas façam reportagens que considera agressivas à honra de sua família e aliados.
Mas não bastasse isso, o deputado do Temer, Rodrigo Rocha Loures, agora também está livre. E arrotando inocência depois de tudo o que eu, você, o seu Zé da oficina e mesmo a turma de Miami viram naquele vídeo dele saindo do restaurante e jogando a mala com 500 mil no porta malas do carro.
E enquanto isso, o tesoureiro do PT, João Vaccari, está preso mesmo tendo sido inocentado pelo TRF 4 num dos processos pelo qual passou dois anos enjaulado e pelo qual foi impedido de ver seu neto crescer.
Depois de tudo isso, não há arrogância intelectual que permita fazer de conta que não foi golpe. E que não continua sendo. Quem ainda faz pose pra dizer o contrário, já atravessou a linha da seriedade faz tempo. Ou é apenas um bobão marcando posição ou é mal intencionado mesmo.