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A primeira notícia desta manhã chegou carregada de tristeza. Paulo Nogueira, do DCM, morreu. Não o tive como um amigo próximo (infelizmente) e o encontrei pessoalmente apenas uma vez com ele, quando visitou minha casa numa reunião de blogueiros. Mas o tinha como amigo. Como companheiro de batalha. E o admirava como um irmão mais velho que tinha tido a coragem de enfrentar os conglomerados midiáticos para os quais trabalhou por muito tempo quando a porta da internet abriu novas possibilidades aos jornalistas.
Anteontem, sem saber que ele estava doente, lhe enviei um inbox solicitando uma entrevista para o meu doutorado. A minha tese vai tratar da história do jornalismo digital. Queria conversar com o Paulo sobre os meandros da criação do DCM e lhe ouvir sobre as mudanças que identificava na profissão desde a criação dos primeiros portais no Brasil até os dias atuais. Infelizmente ficamos sem isso.
Ele tão solicito sempre que o procurava por ali, não respondeu esta mensagem.
Mas respondeu outras. E por isso, tenho a satisfação de dizer que organizei um livro, o Golpe 16, que entre outros artigos, tem um saboroso dele.
E se teve algo que diferenciou a trajetória de Paulo foi o sabor dos seus textos. Paulo escrevia como se fosse um chef e estivesse preparando um prato a ser degustado num banquete. Um banquete nunca só para lords, mas também para plebeus. Seu estilo era inconfundível. Não tinha nada de rebuscado, por isso era tão jornalístico. Mas era quase literário, porque não havia uma única palavra solta, sem sentido.
Muitas vezes me peguei lendo algo sem saber de quem e no meio do caminho parava pra identificar o autor, porque algo me dizia que era dele. Batata, sempre era.
Como eu adorava aquela "pausa para uma gargalhada" que ele usava no meio de alguns artigos, principalmente quando tratava de episódios envolvendo sabujos midiáticos.
Enfim, Paulo parte. Do núcleo mais duro desta blogosfera suja que começou a se encontrar e fazer um pouco de história no primeiro encontro de 2010 ele é o primeiro.
É triste ver alguém partir assim, relativamente jovem e com tanta energia para a batalha. Mas a vida nos ensina nestes momentos que ela também é assim.
Paulo merece uma grande homenagem daqueles com quem ombro a ombro disputou narrativas nestes últimos anos. Não sei ainda qual, mas tenho certeza que os seus inúmeros leitores e amigos vão saber escolher.
E o Kiko e seus familiares precisam saber que Paulo não passou batido. Que ele passou batendo e levando, mas de cabeça erguida. E que isso é que torna alguns diferentes. E Paulo Nogueira foi um deles. Dos poucos.