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Reinaldo Azevedo não é mais blogueiro da Veja. Ele acaba de divulgar isso ao ser entrevistado para uma reportagem do BuzzFeed que lhe indagava sobre a divulgação de uma conversa que teve com Andrea Neves, irmã de Aécio.
O que foi divulgado da conversa só diz respeito a eles. Reinaldo criticava a operação Lava Jato e questionou uma reportagem que a revista para a qual trabalhou realizara.
A despeito de isso não ter nada a ver com o objeto da investigação, a transcrição do áudio foi para o processo. O que tinha por objetivo claro constrangê-lo na empresa para a qual presta serviços. E com seus leitores.
E pelo que apurei foi o que o levou a pedir demissão.
Considero Reinaldo Azevedo o pai de boa parte dos absurdos que vivemos hoje na imprensa brasileira. Ele pulou a cerca da civilidade para se transformar num personagem bizarro que se divertia em atacar sem nenhum respeito aqueles que julgava como adversários.
Suas análises que partiam às vezes de perspectivas interessantes, caiam numa lodaçal de acusações descabidas e levianas. Reinaldo se divertiu muito destruindo reputações.
Isso, porém, não vai me fazer festejar a ação do estado policial que lhe ataca porque, num dado momento, ele decidiu se insubordinar contra seus antigos aliados.
Reinaldo foi um dos que imaginou que derrubar Dilma e acabar com o PT levaria o país a um lugar melhor. Mesmo que limites democráticos fossem ignorados. Está sentindo agora o bafo quente do monstro que alimentou.
Sua defesa, porém, é obrigação dos democratas. Independente do que se ache dele ou de suas posições. Por isso tem toda a minha solidariedade.
Segue texto que ele enviou ao BuzzFeed:
"Pela ordem:
Comecemos pelas consequências.
Pedi demissão da VEJA. Na verdade, temos um contrato, que está sendo rompido a meu pedido. E a direção da revista concordou.
1: não sou investigado;
2: a transcrição da conversa privada, entre jornalista e sua fonte, não guarda relação com o objeto da investigação;
3: tornar público esse tipo de conversa é só uma maneira de intimidar jornalistas;
4: como Andrea e Aécio são minhas fontes, achei, num primeiro momento, que pudessem fazer isso; depois, pensei que seria de tal sorte absurdo que não aconteceria;
5: mas me ocorreu em seguida: "se estimulam que se grave ilegalmente o presidente, por que não fariam isso com um jornalista que é crítico ao trabalho da patota;
6: em qualquer democracia do mundo, a divulgação da conversa de um jornalista com sua fonte seria considerada um escândalo. Por aqui, não;
7: tratem, senhores jornalistas, de só falar bem da Lava Jato, de incensar seus comandantes.
8: Andrea estava grampeada, eu não. A divulgação dessa conversa me tem como foco, não a ela;
9: Bem, o blog está fora da VEJA. Se conseguir hospedá-lo em algum outro lugar, vocês ficarão sabendo;
10: O que se tem aí caracteriza um estado policial. Uma garantia constitucional de um indivíduo está sendo agredida por algo que nada tem a ver com a investigação;
11: e também há uma agressão a uma das garantias que tem a profissão. A menos que um crime esteja sendo cometido, o sigilo da conversa de um jornalista com sua fonte é um dos pilares do jornalismo".