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A pesquisa Datafolha divulgada no último domingo traz muitos indícios de como deve ser o processo eleitoral de 2018, caso o golpismo não avance contra a nossa ainda tímida democracia instalando uma ditadura judiciária-policial.
Não se deve descartar, a partir de uma convulsão social por conta do desemprego e das reformas da previdência e trabalhista, a queda de Temer.
E isso, ao invés de levar o país à antecipação das eleições, pode criar um governo provisório autorizado pelo Supremo Tribunal Federal e dirigido por algum desses ministros.
Pode parecer loucura de blogueiro, mas há alguns meses a Globo ensaiou a opção Carmem Lúcia. Depois, ao que fez um acordo com Temer.
Faço esse parêntese antes de avaliar o Datafolha, porque ainda é cedo para dar de barato que tudo vai caminhar de forma tranquila até outubro de 2018.
Em relação à essa última pesquisa, ela permite algumas conclusões.
- Se for candidato Lula está no segundo turno e tem imensas chances de sair vitorioso. A pesquisa, isso precisa ser considerado, foi feita logo após as denúncias da Odebrecht e mesmo assim ele teve 30% dos votos no primeiro turno.
- Aécio, Serra e Alckmin se tornaram nanicões. Serra nem testado foi na pesquisa. E Aécio e Alckmin não chegam sequer a 10% em nenhum dos cenários.
- O nome que sobrou do PSDB é João Doria. Ele é o político que atua com mais desenvoltura nas redes sociais e vem criando uma marca forte de gestor/trabalhador aliada ao discurso antipetista. Tende a crescer na bola da direita e isso pode levá-lo a ser o candidato natural para salvar o partido do desastre.
- Candidaturas de Alckmin ao Senado e de Aécio à Câmara Federal, para garantirem fórum privilegiado, já não podem mais ser descartadas. Principalmente se Doria continuar crescendo. Eles podem abrir mão dos anéis, para não perderem os dedos.
- Bolsonaro é uma realidade. Não é mais apenas fogo de palha. Uma candidatura quando chega a 15% em nível nacional precisa ser levada em consideração.
- O eleitorado de Bolsonaro é mais jovem e escolarizado, o que permite algumas conclusões, entre elas a de que suas ideias podem ter mais fôlego a médio e longo prazo do que parecem à primeira vista.
- Sem Lula a candidatura de Ciro Gomes aparece com 11% contra Alckmin e 12% contra Doria. É um bom patamar para uma disputa nacional e ele não deve ser desprezado caso o judiciário vier a impedir a candidatura do ex-presidente.
- Num cenário sem Lula, Marina parece ser uma candidata com algum nível de competitividade. Ela tem 25% neste quadro. Com Lula no jogo, Marina não tem a menor chance. Será ele de um lado e um candidato de direita do outro.
- Se Doria vier a ser o candidato do PSDB, ele vai disputar o mesmo eleitorado de Bolsonaro. Isso já fica evidente nesta pesquisa. Se ele não conseguir conquistá-lo, pode até ficar fora do segundo turno. As bolhas de ambos são muito parecidas.
- Por fim, a eleição pelas lentes de hoje caminha não para uma disputa entre direita e centro direita, como alguns arriscavam. Mas entre direita e esquerda. Até agora não surgiu um candidato de centro competitivo. Isso pode até acontecer, mas não é simples. Faltam estruturas partidárias para construir essa via.