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O que aconteceu ontem no sertão da Paraíba, de forma mais eloquente na cidade de Monteiro, mas não só nela, foi um dos maiores atos políticos da história do Brasil.
Monteiro é uma cidade pequena, de 33 mil habitantes, segundo o IBGE de 2016. E na chegada de Lula ao local do evento que marcou a inauguração de fato e de direito da transposição do Rio São Francisco havia aproximadamente 100 mil pessoas para receber Lula e Dilma.
Juntar 100 mil pessoas na Paulista não é operação fácil. Muito pelo contrário. No sertão, onde as distâncias são outras, onde o transporte é escasso e as condições climáticas muito mais áridas, é quase um milagre.
Foi em milagre que pensei ao assistir o vídeo da chegada de Lula e Dilma. O povo que os esperava parecia estar agradecendo aos santos que lhe tornaram possível sonhar com outra condição de vida.
Isso é bom para a política? Talvez não. Mas este é o Brasil que vivemos e disputamos. Um país dominado pela narrativa da Rede Globo e onde as disputas para defender outras ideias necessitam de simbolismo.
Lula é um símbolo que toca a alma do nordestino e do sertanejo com uma profundidade impressionante.
Esse povo já enxergava nele algo diferente antes dos seus 8 anos de presidência. Depois desse período, passou a reconhecê-lo quase como um salvador.
E nem os milhares de minutos de ataques a ele promovidos por quase todos os veículos de mídia com a colaboração de setores do MP, do judiciário e da PF foram capazes de derrotar o mito.
Lula ontem foi abençoado e rebatizado por aquelas águas e ressurge como uma fênix para desafios futuros. Não há mais qualquer chance de ele não participar do embate de 2018. Ou como candidato ou apoiando algum aliado. Ontem, ele citou Ciro, que estava convidado para o evento, Haddad e Jacques. Que são suas opções se porventura vier ser impedido de disputar as próximas eleições.
Mas se não houver novo golpe, Lula não tem como não ser o candidato dos movimentos sociais, do campo progressista e deste imenso país sertanejo e nordestino que lhe homenageou ontem.
Lula não escolherá seu destino, porque se havia alguma coisa a pensar, ontem ali nas águas do São Francisco tudo foi decidido por aquelas peles crispadas pelo sol. Por aquele povo que é antes de tudo um forte, como um dia escreveu Euclides da Cunha.