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Outro dia escrevi aqui que havia feito uma entrevista com dona Marisa em 1989. Na época me diziam que era a primeira concedida por ela a um veículo comercial. Mas evidentemente pode não ter sido.
De qualquer forma, depois de ir ao seu velório, voltei pra casa e comecei a remexer nos arquivos e achei a Aliás, número 2.
Aliás, foi o segundo e último número daquela revista que teve vida breve, a despeito de ter uma carta de Carlito Maia naquela segunda edição nos desejando longa vida.
Olhando aquela história com os olhos de hoje, vejo com éramos sonhadores e um tanto inocentes. A revista foi uma publicação lançada por mim, o Norian Segatto, a Denise Gorzceski e o Marcos Paixão, com o objetivo de ter periodicidade mensal e cobrir a região do ABC. Tocamos o projeto logo após o encerramento do curso de Jornalismo na Metodista, onde éramos colegas de turma. Mas não tínhamos nem experiência profissional para realizá-lo e muito menos contato com empresas da região para garantir sua sustentabilidade.
Mesmo assim, fizemos parcerias com algumas empresas, como a Foton, cujo anúncio divide a página da entrevista com a Dona Marisa. A Foton era uma agência de fotos que nos cedia seu material de arquivo para ilustrar as páginas em preto e branco, que eram montadas no Sindicato dos Químicos do ABC. Isso mesmo, à época as páginas de uma publicação impressa não eram feitas em programas de computador, mas em past-up, após a produção das tiras de textos e das imagens de fotos serem produzidas em máquinas chamadas de composers.
Para entrevistar Dona Marisa, fomos eu e o Norian Segatto, que fizemos a matéria de capa sobre a disputa eleitoral. A encontramos numa casa que era um dos principais comitês da campanha de Lula para presidente, na Vila Mariana. Ela foi super carinhosa e solícita com os rapazes. Imaginem, este blogueiro tinha apenas 21 anos.
Ao final da entrevista, perguntamos a ela:
Aliás - Hoje existe a possibilidade concreta do Lula ser o presidente da República, se ele vier a ganhar qual vai ser a sua função no governo?
Marisa - Eu não vou ter cargo nenhum. Só disso eu tenho certeza.
Como se pode ver hoje, dona Marisa era de fato uma mulher de palavra.