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A cobertura da mídia tradicional é mais do que previsível. Ela é deseducativa e muito preconceituosa. Por isso, não é incomum que casos relativamente semelhantes sejam tratados de maneira muito distintas.
Um exemplo o caso com o filho de Eike Batista, o Thor, foi abordado quando atropelou e matou Wanderson Pereira dos Santos, a 135 km/h. Naqueles tempos, Eike era o bom da boca. E nossa doce mídia tratou o assunto com todo o cuidado e respeito. Não à família do morto, mas de Thor.
Ontem houve um plebiscito na Catalunha para decidir se a região deveria ou não se tornar independente. Não tenho conhecimento suficiente do assunto para me posicionar à respeito. Mas a repressão aos independentistas foi algo chocante.
Dias antes do pleito, mais de 100 sites a favor do sim foram silenciados pelo governo central, do Partido Popular (PP), uma espécie de DEM com PSDB espanhol.
Ontem, milhares de pessoas foram atacadas de maneira absurdamente violenta e centenas foram presas.
Tudo porque estavam indo votar a favor da independência da sua região.
O tratamento do assunto na mídia nacional foi confuso e em alguns casos os "especialistas" convocados pra analisar o tema davam uma incensada no governo espanhol e nem se referiam a violência ou à censura. Preferiam falar da votação como uma provocação que poderia levar a Espanha ao caos.
Já disse no título, mas repito aqui: E se fosse na Venezuela?
Hoje pela manhã, em Las Vegas, um doente assassino matou 58 pessoas e deixou mais de 500 feridas. Foi nas Vegas dos sonhos da classe média alta brasileira. A cidade onde se fala mais português do que inglês em alguns bares. Onde a cada dia que passa mais moças e moços vão fazer suas despedidas de solteiro ou mesmo se casar. Agora, imagina se fosse na Paraíba ou no Ceará?
Será que nesse caso os veículos da mídia tradicional destacariam o desiquilíbrio do atirador ou inúmeras doenças do país? Será que esse fenômeno de lobos solitários que saem matando dezenas nos EUA é um problema apenas individual? A forma como a sociedade americana se organiza não estimula essas barbáries?
Nada disso é discutido.
Como também o fato de Angela Merkel estar indo para o seu 4o mandato consecutivo não é bolivarianismo. E não deixa nenhum colonista político tupiniquim indignado.
A velha síndrome de cachorro vira lata diagnosticada por Nélson Rodrigues não é um fenômeno cultural. É um projeto. Um projeto de dominação cujo alicerce é a mídia nacional.