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A denúncia contra Lula pelo MP e essa imagem que o aponta como "comandante máximo" do maior esquema de corrupção da história do Brasil não precisam de tradução. O golpe atravessou completamente a rua e já perdeu qualquer tipo de verniz.
A partir de agora a escalada da violência contra os protestos de rua, as prisões arbitrárias de lideranças sociais, os processos contra blogueiros e jornalistas, a perseguição a advogados progressistas e a caça a quem defende os direitos humanos não serão exceção, mas a regra.
A carta aberta enviada hoje pelo ex-ministro Eugênio Aragão ao colega de blogosfera Marcelo Auler já indicava que a temperatura estava no limite.
Uma pessoa com a experiência dele não tomaria a decisão de divulgar um texto com este conteúdo apenas para debater questões intestinas do MP. Aragão soltou sua carta como uma fumaça para avisar que o incêndio já estava em curso.
Ele deixa claro como se construiu na instituição da qual faz parte o golpe que levou gente inocente à condenação. O exemplo de José Genoíno, dado por Aragão, é apenas o sinal do que está por vir.
Não há muitos caminhos para enfrentar o que virá.
Do ponto de vista prático, Lula tem a opção de arregaçar as mangas e reunir sua tropa nas ruas para enfrentar o arbítrio. Ou ir mais longe e fazer o que parece, por incrível que possa parecer, o mais responsável neste momento é pedir asilo político numa embaixada e denunciar que a democracia no Brasil está sob judice.
É exatamente este o termo. Sob judice de um judiciário que virou um partido político e que age de maneira escandalosamente seletiva.
De um judiciário que não investiga denunciados de embolsarem milhões como Aécio, Serra, Temer, Cunha, Jucá, Renan etc. e que vai buscar em um apartamento de classe média que não vale sequer 1 milhão de reais, numa praia desvalorizada do Guarujá, a justificativa para tornar um ex-presidente da República no "comandante máximo" da corrupção.
Não se pode esperar que Lula seja preso para reagir. Lula preso vai tornar ainda mais frágil qualquer tipo de reação ao golpe. E abrirá espaço para uma outra série de prisões arbitrárias.
Do ponto de vista eleitoral, também não se pode mais brincar com o fogo.
No Rio, é inadmissível que três candidaturas de esquerda não sentem para conversar e resolver as diferenças que garantam no mínimo a ida de uma delas para o segundo turno.
O mesmo serve para São Paulo, onde Haddad e Erundina precisam tomar urgentemente um chá da tarde para ver o que fazer.
E isso deveria servir para todo o Brasil. O campo progressista precisa garantir que sua demolição não aconteça pelas urnas, porque isso dará ainda mais fôlego para a caça as bruxas que virá.
As evidências de que os próximos dias serão quentíssimos estão na sala de jantar. Não há mais necessidade de grandes analises para se enxergar o óbvio.
Agora, só resta agir.
Lula e Dilma de um lado, tomando talvez aquela que seja a decisão das suas vidas.
Os líderes de todos os partidos e os candidatos progressistas buscando todos os acordos possíveis e impossíveis para resistir neste cenário eleitoral duríssimo.
E os movimentos sociais e sindicais organizando um grande encontro, no estilo de um Fórum, para construir ações urgentes e conjuntas, como uma grande paralisação do país que chame a atenção do mundo para o que se vive por aqui.
Não dá mais nem para pensar pequeno e nem para agir pequeno, a despeito das adversidades da conjuntura. Porque quando a água passa do pescoço, ou se dá um jeito de nadar ou o afogamento é inevitável.