A França é mais uma vez vítima da barbárie. E como em todos ataques terroristas a países que estão ou estiveram na linha de frente de guerras absolutamente criminosas mundo afora haverá, no campo da esquerda, quem vai preferir relativizar o ocorrido.
Os mortos de Nice não valem mais do que os de Cabul ou Bagdá e nem tão pouco as lágrimas pelos que lá tombaram são mais puras que as que rolaram quando a foto do menino Aylan Kurdi se espalhou pela Internet.
E por isso mesmo não se pode relativizar nesses momentos. O choro pelas vítimas de Nice é justa. E a indignação pela França ter sido mais uma vez vítima de atentados é absolutamente compreensível.
Engana-se quem imagina que o terrorismo aponta seus dedos sujos de sangue para a França apenas porque ela é aliada dos EUA.
Não é a França aliada de guerras insanas que está sendo atacada, mas a França das liberdades.
Quem ganha com atentados como esse não é a esquerda que se contrapõe ao neoliberalismo e ao corte dos direitos, mas a direita, à la Le Pen, que quer a expulsão de imigrantes e a força bruta contra as lutas sociais.
O atentado em Nice ataca o coração das liberdades, como todos os atentados e todas as guerras.
É disso que se trata. E por isso chorar por Nice não é tolinho, como alguns vão dizer por aí. É chorar pelos mortos, pela dor, mas também pelo mundo das liberdades que está cada dia mais perdendo a guerra simbólica.
Panelas batendo na Argentina
Ontem à noite ocorreu um grande panelaço na Argentina por conta do aumento da energia que chegou em alguns casos a 400%. Macri, ao justificar o reajuste, disse que a população deveria aprender que não se deve ficar de shorts e camisetas no inverno. E que sua obrigação era a de educar o povo a gastar menos energia. Parece que a aula macriniana não foi bem recebida e os hermanos já estão encerrando a lua de mel com o seu novo presidente.
Decisão do MP-DF inocenta Dilma
Evidente que você não deve ter lido essa manchete por aí nas últimas horas. Mas o Ministério Público Federal em Brasília (MPF/DF) enviou ontem à Justiça o pedido de arquivamento parcial do Procedimento Investigatório Criminal (PIC) que apurava a existência de crime naquilo que a mídia e aqueles que participaram do golpe que instaurou o atual governo provisório chamavam de “pedalada fiscal”.
O procurador da República Ivan Cláudio Marx analisou seis casos e concluiu não ter havido operações de crédito sem autorização legislativa. Ou seja, cerveja. Ou seja, foi golpe.
Ainda sobre a eleição de Maia
Tudo bem que o PT virou o saco de pancadas da vez muito porque deu inúmeros motivos para isso. Tudo bem que o PT deveria ter honrado mais sua militância e sua história num momento tão significativo como o atual na eleição da Câmara. Mas também é engraçado ver isentão da Rede xingando o PT nas redes quando o deputado Molon (diga-se, ótimo parlamentar) foi um dos articuladores de Rodrigo Maia.
Também é engraçado ver amigos do PCdoB tentando dizer que com Orlando (outro ótimo parlamentar) o partido agiu diferente do PT. Quando todas as esquinas de Brasília sabem que a operação Orlando foi realizada para para tirar Marcelo Castro (PMDB) do segundo turno e favorecer Rodrigo Maia.
Quanto ao PSOL, convenhamos, se quisesse fazer uma frente de esquerda para levar um candidato ao segundo turno, ele não lançaria Erundina sem discutir o projeto com ninguém.
Enfim, o buraco da esquerda e do campo progressista é mais embaixo.
(Foto: Reprodução/Twitter)