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Uma regra que costuma ser tratada como praticamente absoluta por políticos e analistas da área é a de que nas eleições municipais o cenário nacional conta pouco.
Faz algum sentido, mas nem tanto.
Seria mais razoável dizer que quando a situação econômica nacional é confortável, todos ganham. E quando é ruim, quase todos perdem.
Isso acontece porque eleitores costumam avaliar governos de maneira generalizada.
E mesmo quando o prefeito é ruim, mas a situação geral vai bem, ele costuma se beneficiar do sentimento de que a vida está melhor.
O que eu quero dizer com isso é que se o Brasil vivesse apenas uma crise política, a regra de que a pauta federal não afetaria a local poderia valer alguma coisa.
Ou seja, se a Operação Lava Jato estivesse destruindo o sistema político (como está), mas a economia estivesse rodando a todo vapor, o índice de reeleição ainda seria alto.
Mas não é esse o caso.
Os governos municipais estão vendendo o almoço para pagar a janta. E por este motivo quase todos os prefeitos estão mal avaliados.
Ou seja, a crise total, que é o cenário do hoje, deve fazer com que a eleição de 2016 seja uma das mais surpreendentes da história recente.
E é num momento desses que deve se considerar o tal senso comum do eleitor médio que tende a achar que tudo está errado e que está na hora de dar um basta.
Isso pode e deve por um lado induzi-lo a um sentimento de negação à política, que aumentará a porcentagem dos votos nulos, brancos e a abstenção.
E por outro, a um voto de protesto, que em cada lugar pode ser canalizado para um candidato de estilo diferente.
Essa situação também pode favorecer candidatos mais experientes. Porque o eleitor quando procura algo absolutamente novo e não acha acaba indo para um que considera absolutamente seguro.
Pode parecer contraditório, mas não é.
Mas não se pode deixar de levar em consideração o fator Lava Jato, em especial nas capitas e nas grandes cidades.
E aí, quem pode crescer substancialmente, se tiver condições de se apresentar como alternativa real de poder, é o PSoL.
Porque foi o único partido que se manteve distante dos casos de corrupção nacional.
Por este motivo, o PSoL tem a responsabilidade de sair do seu umbiguismo e olhar para a contexto geral com mais generosidade e responsabilidade.
Precisa tentar entender as demandas do povo e buscar dialogar com elas, buscando não impor suas bandeiras, mas tentando achar sintonia entre o que defende e aquilo que a sociedade topa encarar.
Um PSoL mais forte, um PCdoB vivo, um PT recuperado nas urnas e um PDT mais na linha de Ciro do que de Paulinho, agora no Solidariedade, farão bem à democracia brasileira.
Porque a guinada à centro direita do PSB fez muito mal ao campo progressista. Como também a entortada total do PMDB à direita.
Essa eleição vai mudar a quantidade de garrafas que cada partido terá para contar em 2017, mas ela não necessariamente significará uma baita derrota para o campo popular.
Claro, se o rastaquerismo do sectarismo não acabar prevalecendo. Porque há sempre esse risco.
E aí, amigos, pouco importa se quem vai para o segundo turno de uma eleição em uma grande cidade é alguém do PT, PCdoB, PDT ou PSoL, importa é que alguém desse campo esteja lá.