O governo Temer é um amontoado de interesses contraditórios que se uniram para um único objetivo, afastar Dilma e derrotar o PT e Lula.
Sem votos para conseguir isso democraticamente, esse segmento não se intimidou em ir ao golpe.
Mas, como na Fórmula 1, uma coisa é chegar, outra é passar.
Eles chegaram ao governo pelas mãos do personagem vice vigarista, mas, ao que já se pode perceber, não vão passar muito tempo juntos nessa aventura.
Os descontentamentos e as contradições já deram suas caras.
Os industriais não rentistas que restaram no Brasil já perceberam que eles é que vão pagar o pato. Além de receberem de presente um ministro da Indústria e Comércio pastor, cujo grande feito é saber multiplicar o dízimo, já perceberam que os donos da economia serão fundamentalistas ortodoxos.
Ou seja, tudo ao deus Mercado. Não ao Walter, mas àquele de Wall Street.
E alguns já começam a se perguntar se isso não vai ampliar a desindustrialização do país.
Por outro, lado na academia e na cultura até os mais antipetistas já reconhecem que a agenda de Temer é por demais retrógrada. E que o Brasil corre sérios riscos de retrocesso em setores fundamentais para se consolidar como um país minimamente respeitável.
Além disso, há crises nos arranjos estaduais e municipais. Prefeitos e governadores já sentiram que Temer vai arregaçar com programas sociais e investimentos federais que lhes rendiam votos. E ao mesmo tempo não vai lhes dar folga para ajustar as contas.
O governo Temer já está em crise e já é fraco. E o sintoma principal é o que se passa no Congresso. Waldir Maranhão não sai da presidência da Casa e a turma de Cunha força o presidente ilegítimo a engolir como líder do governo André Moura, um dos seus principais aliados.
Outono assim tão rápido pode prenunciar uma primavera das ruas. E os Jogos Olímpicos estão logo ali.
Numa sociedade conectada e em redes não é incomum a velocidade dos acontecimentos surpreender.
Foto de capa: Marcelo Camargo/Agência Brasil