Escrito en
BLOGS
el
Há alguns dias venho tentando acompanhar a intenção de votos dos deputados no processo de impeachment. É uma tarefa hercúlea. São 513. Quase todos deputados e algumas poucas deputadas. Quase todos brancos, quase todos BBBs (Bíblia, Boi e Bala) e apenas o Jean que é assumidamente homossexual.
Ou seja, temos uma Câmara completamente diferente do ponto de vista da representação do que é a nossa sociedade. Ela deve ter uns 150 empresários e nenhum pedreiro.
Mas vamos fazer de conta que isso não é o problema. Nosso drama é descobrir como cada um vai votar amanhã. E aí, o que fez a Folha? Ela pegou a garotada que é estudante de jornalismo e que está no programa de trainee da empresa e botou para fazer um trabalho super legal. Ficar o dia inteiro ligando para deputados.
- Deputado fulano de X, aqui é fulano de Y, da Folha. Vossa excelência poderia declinar o seu voto do domingo?
Os garotos e garotas estão imensamente felizes com o trabalho. Nunca imaginaram que seriam escalados para uma missão tão desafiadora. Depois desse programa de treinamento eles serão outros, poderão escalar montanhas profissionais e quiça ir trabalhar no New York Times.
Aliás, talvez não. O New York Times se tornou um jornal bolivariano depois da capa de ontem. Onde já se viu falar uma coisa dessas dos Cunha. Chamar o líder do nosso processo de libertação nacional de bandido é um acinte.
Mas voltando às pesquisas. O Estadão parece que não está com nenhum programa de trainee aberto então quem está feliz da vida são os jornalistas. Ficar ligando e perguntando se a vossa excelência mudou de opinião é tudo que eles queriam na vida...
Mas, na Fórum, a gente escolheu outro método. E usando a lógica de que para saber a sua temperatura não é necessário ficar medindo-a no pé, na língua, na testa, no bumbum, ou seja, em todas as partes do corpo, escolhemos um ponto do Congresso para fazer nossa pesquisa.
É isso mesmo leitores, nossa pesquisa acompanha apenas o voto do deputado Paulo Maluf (PP-SP). Ele é o nosso guia para saber se vai dar bom ou ruim para Dilma no domingo.
Maluf estava com o governo no começo do processo. Quando percebeu que os ventos estavam mudando foi levar seu abraço sincero a Michel Temer e já havia comprado até um Romanée Conti para presenteá-lo, mas ontem Maluf mudou de novo. E foi ao Palácio do Planalto dizer que acha que Dilma vai ganhar. E se for assim, vai votar contra o impeachment.
Neste momento, para os estagiários da Folha e os jornalistas do Estado ele diz que está indeciso. Mas pelo que sei já está dizendo para o governo que vai votar contra o impeachment. O que não quer dizer que não esteja dizendo o mesmo para os articuladores de Temer.
Ou seja, amigos, é hora de ficar de olho nele. Maluf é a melhor pesquisa do Congresso. Se vier a declarar voto para algum dos dois lados é porque já era para o outro.
Eu não perco mais tempo olhando outros levantamentos. Vou de Maluf...