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O advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, ao defender há pouco a presidenta Dilma na comissão que analisa o processo do impeachment, se comportou como um camisa 9. Manteve a mesma conduta da sua primeira defesa e não usou sinônimos para se referir ao golpe em curso. Por diversas vezes acusou o relatório do deputado Jovair Arantes (PTB-GO) de ser uma peça inconsistente e que, entre outras coisas, despreza a democracia, o Estado de Direito e rasga a Constituição.
Num dos momentos mais fortes de sua defesa, Cardozo disse que se esse processo levar ao impedimento da presidente Dilma, no futuro isso será conhecido como o "golpe de abril de 2016".
Também fez críticas duras e indiretas ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Disse que há "uma mão invisível nesta Casa que faz com que alguns processos andem e outros não. E que permite que advogados participem das comissões e em outros casos, não".
Cardozo ainda disse que, se o processo do impeachment vier a ser aprovado, "o relatório de Jovair Arantes será a peça de absolvição histórica da senhora presidenta da república. Porque em si o relatório é a demonstração clara de que ela não cometeu nenhum crime sequer".
A estratégia do governo para esta semana final da discussão do impeachment está clara, vai acelerar na denúncia do golpismo.
A avaliação é que a pesquisa Datafolha, que aponta que 39% do país, depois de toda a campanha midiática, ainda são contra o impeachment, e que 40% consideram o ex-presidente Lula como o melhor da história, abre espaço para mostrar aos deputados indecisos que vale a pena não entrar no barco de Temer.
O vice-presidente tem de 1% a 2% de intenção de votos na pesquisa Datafolha e se vier a se tornar presidente e não resolver a crise, pode afundar rapidamente. E não afundaria sozinho. Levaria junto todos os deputados que aprovaram o impeachment.
Alguns deputados já estão fazendo essa contabilidade. Ficar com o impeachment agora pode ser bom por alguns meses, mas os louros desta decisão podem não durar até outubro de 2018, quando eles disputarão suas reeleições.
Cardozo, com sua defesa firme, não disse isso. Mas deixou claro que o futuro pode ser muito duro para o golpismo.