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O primeiro turno das prévias para definir o nome do candidato a prefeito de São Paulo pelo PSDB foi um desastre. A vitória parcial de João Doria Jr., que teve 43,13% dos votos, contra 32,89% de Andrea Matarazzo e 22,31% de Ricardo Tripoli acabou sendo a notícia menos importante do dia. Até porque só veio a público na madrugada, às 1h40 de hoje.
Numa cidade de 12 milhões de habitantes, o PSDB contou na sua disputa com 6.216 filiados votantes. Algo próximo a 0,05% do conjunto do eleitorado participaram da decisão para ver quem será o candidato a prefeito da capital do partido que governa o Estado há 21 anos consecutivos.
A baixa representatividade do colégio eleitoral tucano não foi suficiente para que a disputa acontecesse em nível civilizado. Durante todo o processo de prévias foram abundantes as denúncias de corrupção, compra de votos, manipulação de dados de filiados, uso da máquina do Estado e métodos heterodoxos de disputa. Ontem, foi apenas a gota d´água.
A foto que o leitor tem a seu dispor neste blogue é de uma briga em uma zona de votação do Tatuapé, que teve todos os seu votos impugnados. Além do militante que ficou literalmente de cuecas no meio da rua, várias pessoas saíram feridas deste conflito, incluindo mulheres.
O resultado está sendo contestado tanto por apoiadores de Andrea Matarazzo quanto de Ricardo Tripoli. Eles alegam que houve abuso de poder econômico por parte de Doria, que além de ter pago salário para apoiadores, teria colocado cavaletes e cartazes em frente aos locais de votação, o que é ilegal em São Paulo.
Há uma representação pedindo a impugnação de Doria neste sentido e o segundo turno pode ficar comprometido. No grupo de Andrea Matarazzo já há quem defenda que ele se retire da disputa se o partido não punir Doria e vá para o PSD, onde o ex-prefeito Kassab lhe garantiria a legenda para a disputa.
Ontem, nas provovações entre militantes, os apoiadores de Doria já batiam nesta tecla, de que Matarazzo era PSD.
Se Matarazzo, porém, resistir e conseguir derrotar Doria no segundo turno, o que mesmo com o apoio de Tripoli parece improvável, sua candidatura não terá apoio do governo do Estado. Neste cenário, o que se comenta é que Alckmin ou apoiaria Russomanno ou lançaria um candidato pelo PSB.
As prévias do PSDB de São Paulo viraram um bundalelê sem solução. O partido que tenta se mostrar como guardião da ética e da moral no plano nacional, ontem ficou nu (ou ao menos de cuecas) em praça pública. Exatamente no território onde tem seu maior potencial eleitoral, São Paulo. E onde tem conseguido escapar de denúncias como a do cartel do metrô e a do roubo da merenda das escolas porque as investigações ou não acontecem ou são sempre muito tímidas.
Nunca é demais lembrar que Doria e Matarazzo não são candidatos de si mesmos nesta disputa. Doria é do grupo de Alckmin. E Matarazzo teve o apoio de Serra, FHC, Aloysio Nunes e Goldman, entre outros. Ou seja, as disputas, acusações e brigas de ontem eram entre esses caciques. Foram eles que ficaram de cuecas no meio da rua. E se o partido rachar não vai ser um briga paroquial. Vai ser um racha nacional.