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Já há evidências que permitem cogitar que os empreiteiros que estão sendo presos podem ter decidido por perder os anéis a entregar os dedos. E foram convencidos disso a partir de uma proposta de acordo premiado por integrantes da oposição, da mídia e talvez até do poder judiciário.
O depoimento que que vem sendo divulgado de Ricardo Pessoa, da UTC, é muito sintomático deste possível caminho.
O empreiteiro, pelo divulgado, teria citado em diversos momentos o tesoureiro do PT, João Vaccari, e sinalizado que parte dos recursos doados à campanha de Dilma teria sido fruto de comissão das obras realizadas para o governo federal. Sendo que a UTC doou mais para a campanha de Aécio, R$ 8,7 milhões, do que para a da presidenta, R$ 7,5 milhões.
Há umas duas semanas, a partir de uma matéria especulativa da Folha de S. Paulo, passou-se a dizer que o ex-presidente Lula temia ser preso. E de repente começaram a aparecer “sinais” de que ele poderia estar sendo investigado pela Lava Jato. Até aparecer um pedido de Habeas Corpus amalucado.
Antes disso, porém, surgiram na internet, artigos como este de Leonardo Sarmento, professor de Direito Constitucional, e que defende a tese que inspira o título deste post. Ele aborda o impeachemnt de Dilma e a prisão de Lula da seguinte forma:
“Nesta senda, a depender das provas carreadas ao Ministério Público, temos mais uma causa suficiente para o pedido do impeachment de Dilma Rousseff e para o pedido de prisão de Luiz Inácio Lula da Silva. Está na hora do Ministério Público demonstrar que sua independência insculpida nos lindes da Carta republicana de 1988 não encontra barreiras implícitas de ordem política, mas sim que o Ministério Público é um fiel efetivados das normas constitucionais e não prevarica em suas funções ministeriais quando sofre pressões.
Lula, conforme dispusemos em artigo precedente, nega-se a depor junto à Polícia Federal à respeito de outros inquéritos abertos e mantidos sob sigilo, que sob o controle do Governo Federal, sem a independência funcional que conta o MP, recalcitra usar da coerção no objetivo de ouvi-lo.
Novamente, conforme já interpretamos também em artigo anterior, novamente integralmente aplicável a Teoria do Domínio do fato, tanto em relação ao ex-presidente como em relação a atual mandatária para que respondam na esfera penal.”
Em resumo, o professor e colunista do JusBrasil entende que deveria ser aplicada a Teoria do Domínio do Fato para o impedimento de Dilma e a prisão de Lula.
O acordo com alguns dos empreiteiros pode ter passado por aí e por esse motivo Pessoa implica o PT enquanto deixa de fora estrelas do PSDB, como Aécio e Alckmin, que segundo matéria da Folha de S. Paulo recebeu mais da metade dos recursos de sua campanha de empresas do cartel do metrô . Para ser mais exato, 56%.
Mas pessoa citou Aloysio Nunes por quê? Porque quem já viu filmes como o Poderoso Chefão sabe que nesses acordos sempre é preciso deixar uma porta aberta para o caso de ele não ser cumprido. E incluir Aloysio, amigo de Paulo Preto, no bolo, parece ser um jeito de dar um recado. E mostrar que se tem munição para tudo quanto é lado.
Mas afinal qual seria o acordo?
Os empreiteiros jogariam o PT, Dilma e Lula ao mar para que fossem varridos do mapa de forma “legal”. Ou seja, num processo que poderia inclusive utilizar os mesmos mecanismos do caso do Mensalão como sinaliza Sarmento. E depois que as coisas voltassem a tão sonhada normalidade que a oposição e a mídia desejam, os empreiteiros poderiam retomar seus negócios com tranquilidade. Até porque não haveria PT, Lula e Dilma para achacá-los. E como todos sabem, no Brasil, a corrupção é algo que foi criado por esses monstros que gostam da cor vermelha.
Há sinais cada vez mais evidentes de que um golpe paraguaio, que não tem relação com a nova derrota nos pênaltis para o país vizinho, pode estar sendo desenhado e arquitetado de maneira bastante profissional.
E se o governo não agir rapidamente buscando resgatar a ligação direta que tinha com a sua base social, esse golpe pode ser dado com comemoração nas ruas. E pouca resistência, que seria sufocada com a violência que viesse a ser necessária. E em nome da lei e da ordem.
O lado de lá está com o jogo armado. E parece estar conseguindo convencer alguns atores da Operação Lava Jato a jogar o seu jogo. E o governo parece perdido, sem estratégia e informação.
Lula e Dilma precisam se entender rapidamente e passar a falar a mesma língua. Ou os dois vão ser jogados ao mar, abraçados, e vão ter suas histórias políticas demolidas. Como teve Lugo, por exemplo.
Ainda não é hora para sair chutando para qualquer lado. Mas ao mesmo tempo não mais para fazer de conta que não se está entendendo o jogo do outro lado.