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O jornal Estado de S. Paulo de ontem publicou uma matéria com destaque moderado sobre pagamentos em espécie que teriam sido realizados pelo atual presidente da Petrobras e ex-presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, o Dida. Segundo a denúncia de um pedreiro, João Carlos Camargo, e de dois comerciantes não identificados na reportagem, Bendine tinha por praxe pagar as compras e os serviços para construção de uma luxuosa casa em dinheiro vivo na cidade de Conchas, interior de São Paulo. E não exigia notas fiscais. Bendine nega as denúncias.
No ano passado a Folha de S. Paulo deu matéria com tom semelhante. O ex-motorista do então presidente do BB, Sebastião Ferreira da Silva, disse que teria feito vários pagamentos em espécie a mando do ex-chefe.
O curioso dessas duas reportagens não são as revelações que, se comprovadas e verdadeiras, claramente colocam em suspeita o comportamento financeiro do novo presidente da Petrobras, mas a forma como o jornalismo tradicional tão ávido por denúncias lidou com elas.
A matéria não se tornou capa do Estadão e não reverberou em outros órgãos de imprensa. Pareceu mais um recado. Do tipo dos grupos mafiosos que quando manda matar alguém é o primeiro a enviar a coroa de flores.
Os grupos de mídia parecem estar cutucando Bendine para intimidá-lo. Por enquanto são socos de baixa intensidade no fígado, apenas para ir minando a resistência, mas a depender dos rumos que as coisas tomarem, já há indicativos de que os golpes podem ficar mais fortes.
Ou não.
É aí que entra o sequestro.
Quando o ameaçado se rende, a mídia esquece as denúncias. E tira o sujeito do alvo.
Há casos e casos de integrantes de diferentes governos que, ameaçados com dossiês, desistiram de realizar projetos e programas. Preferiram a dolce vita do que o preço do enfrentamento.
Bendine, que não é bobo nem nada, deve estar com a orelha em pé tanto por conta das denúncias que envolvem desde o financiamento da socialite Val Marchiore, quanto essa última do pedreiro João.
E se ele piscar, a Petrobras corre sério risco.