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Nos anos 80 uma propaganda de vodca fez muito sucesso com o slogan: "eu sou você amanhã". À época a expressão se tornou sinônimo de um efeito político nas relações entre Brasil e Argentina. O que iria acontecer com o Brasil se tornava realidade primeiro na Argentina. Desde a democratização, passando por inúmeros planos econômicos e pela política de privatizações que lá foi conduzida primeiro por Menem e que aqui só se viabilizou com a posse de FHC, porque Collor não deu conta do recado, a Argentina por muito tempo antecipou o Brasil.
E nesses casos, isso sempre tinha por trás a mão grande dos interesses americanos. Hoje, o senador Lindberg (PT-RJ) traz luz novamente a essa questão ao comentar a passeata com nome bem marqueteiro, "Marcha do silêncio", que reuniu de 100 mil a 400 mil pessoas a depender da fonte informativa, em Buenos Aires, na tarde de ontem.
Lindberg avalia que o momento político vivido por lá é de radicalização total e, no texto que segue abaixo, prevê que isso pode também vir a acontecer no Brasil. Seu alerta merece ser tratado com a responsabilidade política que o momento exige.
Passei o Carnaval com minha esposa e nossas duas pequeninas em Buenos Aires. Acabei acompanhando mais de perto a cena política. Aqui, o clima é de profunda radicalização política. A morte do promotor Nisman incendiou o país. Os conservadores e a direita argentina estão se aproveitando da crise e lançaram uma grande ofensiva para desestabilizar o governo. Quis ver de perto. Estou agora na Plaza De Mayo debaixo de muita chuva. Não tem menos de cem mil pessoas. É a marcha do silêncio convocada por promotores argentinos e apoiada pelo grupo Clarin e por todas as agremiações conservadoras e de direita do país. É o mesmo clima que querem criar em toda América Latina. Movimentos golpistas, de desestabilização democrática. Querem varrer os governos populares na América Latina. Com certeza, essa marcha vai animar o discurso golpista já encampado pelo PSDB, que teima em não reconhecer a derrota nas urnas. Temos que organizar as forças populares no Brasil para resistir a essa ofensiva. Precisamos de unidade nos movimentos sociais. Para isso, é fundamental corrigirmos rumos do nosso governo. Temos que fazer com que os mais ricos paguem a conta pelo reequilíbrio fiscal, porque é o justo a se fazer. Isso nos coloca um discurso de ofensiva e de demarcação de campo. Nós surgimos para defender o povo mais pobre, os trabalhadores do Brasil. E isso fizemos nesses 12 anos. Amanhã, escreverei com mais detalhes sobre a situação argentina. A marcha está no fim e quero ver o discurso de encerramento.
Abraços