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O governador Geraldo Alckmin é um político sem brilho, mas que foi construindo sua trajetória com base numa fleuma de que é um homem sério e trabalhador.
Alguém que não é visto em festas, tomando uma cerveja ou andando de carrões.
É a antítese, por exemplo, de Aécio Neves, um playboy na forma e na essência. E que por isso é um político que está o tempo todo em destaque.
A despeito das diferenças formais, ambos têm o mesmo comportamento autoritário e conservador. Seja com os assessores, jornalistas que cobrem o dia a dia da política, professores, estudantes e tudo que tenha relação com movimentos sociais
E seguem na mesma linha o governador Beto Rica, do Paraná, Marconi Perillo, de Goiás, e outros da chamada nova geração tucana.
Ou seja, o PSDB se se tornou um partido de truculentos de diferentes espécimes. Truculentos playboys, truculentos carolas, truculentos bonachões, truculentos sabichões. Mas todos truculentos.
E não venham me dizer que sempre foi assim porque não é verdade. Covas era muito melhor do que isso. E mesmo Montoro, José Rica, pai do Beto, e outros.
O fato é que é a partir dessa perspectiva que tem que ser entendida a ação de guerra que o governador Alckmin anunciou e desencadeou a partir de ontem contra os estudantes que estão lutando contra o fechamento de escolas.
Alckmin está botando em prática o compromisso de governo do PSDB com os setores conservadores e a mídia.
Ele e seus colegas tucanos têm sido eleitos com base num discurso da ordem. De uma ordem que sustenta as injustiças sociais, criminaliza a periferia, impede o diálogo com os movimentos, fortalece setores da polícia que agem de forma muito simbiótica com o crime, que não respeita os processos de construção democrática e que joga bombas e dispara contra tudo e contra todos que supostamente estão contra a ordem imposta.
Por essa ordem, alunos e professores não têm o direito de discutir o projeto de escola ao qual entregam boa parte das horas de sua vida.
Por essa ordem, jornalistas não devem investigar a corrupção do metrô.
Por essa ordem, meninos negros de periferia têm que falar sim senhor e olhar pra baixo quando forem abordados por um policial.
Por essa lógica, quem não reagiu está vivo.
Ordem essa sustentada por um discurso e uma cobertura midiática que criminaliza o oprimido e transforma em mocinhos os opressores.
Ontem, por exemplo, essa mídia tratou o massacre dos meninos e meninas na 9 de julho como um conflito. Um “conflito” onde essa meninada de 13 a 16 anos foi atacada com cassetetes, spray de pimenta, tiros de borracha e se defendia com sacos de lixo.
Ou seja, a guerra está dada.
E se alguém achar que não tem nada a ver com isso, não pode nunca mais reclamar que a atual geração é acomodada.
Muito pelo contrário, esses meninas e meninos que estão ocupando escolas e deixando nua a ordem de um governo que tem sufocado aqueles que lutam por direitos em São Paulo, precisam de toda a solidariedade.
Eles precisam de você.
Eles precisam de todas as forças sociais que se dizem democráticas.
Eles não podem apanhar sozinhos nessa guerra.
Essa guerra por manter escolas abertas e ter uma educação decente não pode ser só deles.
Nessa guerra não vale se fingir de morto.
Quem se fingir de morto de fato estará assinando a execução de uma geração que será derrotada por uma política fascista.
Uma política que fecha escolas para abrir presídios.
PS: Alckmin disse essa frase, “quem não reagiu está vivo”, num massacre da Rota onde nove pessoas foram mortas. Se quiser entender melhor o que foi isso, dê uma olhada no texto que fiz à época.